“Cidadãos comuns” e antidemocratas

“Agora CHEGA a nossa hora, dos cidadãos comuns tomarem as rédeas da política em Portugal. Sem vergonha de ser de direita, sem medo de assumirmo-nos defensores dos valores que o socialismo aniquilou”. E que valores defendem esses “cidadãos comuns do Chega”? Certamente que não os valores da democracia que permitem a todos os cidadãos comuns e não apenas aos do Chega escolher através de eleições livres não quem pretenda tomar as rédeas do poder político para impor um regime autocrático, cercear as liberdades democráticas e subverter a Constituição, mas sim quem respeitando-a se propõe governar não com “rédeas” mas com autoridade democrática e no respeito pelos resultados eleitorais livremente expressos. “Queremos ser um perigo eminente contra a corrupção”. Mas como? Com um líder que apoia líderes de regimes autocráticos que desrespeitam a democracia e tudo tentam para furtar-se ao poder judicial e ao escrutínio democrático dos órgãos de comunicação? Nos regimes autoritários e autocráticos que condicionam e desrespeitam as liberdades democráticas a luta contra a corrupção não passa de uma farsa em que apenas os eventuais crimes dos opositores desses regimes é que são denunciados e julgados. Não há mais corrupção em democracia do que nas ditaduras e nas autocracias disfarçadas de “democracias” que a encobrem desde que seja praticada pelos seus apaniguados políticos utilizando a repressão e a supressão das liberdades fundamentais sem as quais não é possível expor e lutar contra a corrupção. Só “cidadãos comuns” e antidemocratas é que poderão acreditar que um líder que apoia líderes de governos autocráticos, cita ditadores, faz saudações fascistas e convoca o apoio de algumas das franjas mais extremistas da sociedade nomeadamente de simpatizantes do autoritarismo das ditaduras, do nazismo, do racismo e da xenofobia, seria capaz de aportar quaisquer valores positivos ao nosso regime democrático e à governação do País.

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