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O Governo e a PSP devem estar na vanguarda da prevenção

Já muito nestas páginas se escreveu sobre o clima político crispado em Portugal, e confesso que muito prazer me daria não ter de voltar ao tema. Ou então, a ter de o revisitar, que fosse para elogiar a emenda, por esta ser melhor que o soneto. Acontece que não foi. Ainda assim, ficaram pormenores por esclarecer, depois de várias semanas de equívocos e de inequívocos.

E aqui não nos podemos esquecer, que vivemos atualmente numa sociedade onde os nossos atos são suscetíveis de ser escrutinados, pesquisados e julgados! O nosso país e neste caso concreto a Madeira não foge à regra e aqui, como em todo o lado, somos avaliados e avaliamos, o jogo é recíproco, não sendo possível fugir à avaliação e esta, em sociedades ditas democráticas, é desejável, pesando na decisão final.

Vêm estas considerações a propósito de alguns temas “quentes” com que o nosso país se tem debatido nos últimos tempos, onde a opinião pública forma-se com base na informação que é disponibilizada. Se a informação é escoada, dividida, solta por tensão, espalhada por insistência, perde a coerência, a consistência. A opinião pública não gosta de histórias pela metade: a metade que falta pode ser bem melhor do que a revelada, mas perde o valor por vir tardia.

Em toda esta história dos nossos políticos faltam ainda algumas verdades. E enquanto assim for, a opinião que se forma junto do público é sempre com base em verdades ao meio, dando azo a muitas mentiras e especulações. As conclusões podem ser muitas – cada um que tire a sua.

Nesse sentido, há um aspeto importante a ser considerado: Não se deve, em todos os partidos, no poder ou na oposição, incitar à atrocidade verbal e à discórdia. É preciso estar atento à realidade nacional, às tendências de comportamento e ao que tem ocorrido no contexto laboral na grande maioria das profissões ligadas à segurança, à saúde e à educação.

Na prática, critica-se o Governo por não apresentar medidas para a resolução dos problemas das carreiras profissionais, que muito aguardam por uma resolução, critica-se o Chefe por se limitar a reagir à crítica, critica-se o Executivo porque sim, porque tem de ser, porque faz parte e também porque merece ser criticado. Mas só em parte.

O que os profissionais da PSP esperam dos governantes em exercício, é que as coisas funcionem, que todos os dias seja feito um esforço de aperfeiçoamento suscetível de permitir que os polícias, se sintam realizados e cumpram com os objetivos que vão de encontro com os desejos da população.

Cabe agora ao Governo e à oposição, com razoabilidade, critério e seriedade, sem radicalismos e violência verbal, fiscalizar e ajudar a encontrar novos caminhos para as instituições policiais e no fundo para a Nação.

Nesse sentido e sob essa premissa e para que se encontre o caminho da promoção do bem comum, veja-se a excelente decisão, quando o Conselho de Ministros, em 12 de janeiro, aprovou o novo Regime Jurídico dos Explosivos e Substâncias Perigosas.

Note-se, sublinhe-se, destaque-se: a proposta de lei, que vai ser agora enviada para Assembleia da República, passa a criminalizar a posse de explosivos, artigos ou engenhos pirotécnicos, como os very lights, em recintos desportivos, como uma infração punível com uma pena de prisão até cinco anos ou multa até 600 dias.

Acredito que a punição individual é o melhor e mais justo método e com a tecnologia presente nos estádios, além de que todo o adepto usa um telemóvel e pode filmar à hora que quiser, é muito mais fácil identificar os responsáveis por tais delitos, e, assim, aplicar-lhes as devidas punições legais.

Leis à parte, e porque este é um mero artigo de opinião, deixe-me ser muito claro: Não pode haver justificações para violência e desordem no futebol. Isto significa que o governo e a polícia devem estar na vanguarda da prevenção. Mantendo estes hooligans longe do futebol.