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O 25 de Abril é do Povo

Vamos trazer Abril para as ruas, em 2024. Vamos lembrar que um Povo Unido Jamais Será Vencido

Tenho acompanhado as várias notícias que vão saindo sobre as formas de comemorar os 50 anos do 25 de Abril, que se concretizarão para o ano que vem. Por mim, quanto mais gente houver com vontade de falar de Abril, melhor. Não excluo ninguém, porque o 25 de Abril é do povo, que lhe deu o seu conteúdo mais concreto e que lutou, afincadamente, em todas as áreas, para que tenhamos as liberdades para podermos ser o povo que hoje se orgulha da sua liberdade.

Podem formar-se as comissões que quiserem. Nacionais e regionais e até sectoriais, se quiserem, mas sem o povo a participar nessas comemorações, a liberdade de Abril ficará condicionada, e penso que isso que ninguém quer.

A beleza da nossa revolução dos cravos está nas ruas. Nas manifestações por direitos básicos que não existiam, como por exemplo o direito a uma habitação condigna, e os direitos laborais como contratos de trabalho livres negociados verdadeiramente pelos parceiros socais. O direito a ser livre e a poder votar, homens e mulheres em pé de igualdade. O direito às Autonomias regionais com Parlamentos e governos próprios. O fim da censura e o direito a dizermos o que pensamos sobre vários assuntos, mesmo os mais polémicos, sem que para isso tenhamos que ser presos e julgados.

Podia estar aqui a enumerar tudo o que conquistamos com o 25 de Abril, e continuamos a conquistar, porque Abril está sempre presente nas lutas que ainda hoje se fazem nas ruas, como está a acontecer com vários sectores de atividade, como é o exemplo dos professores. Abril continua a ser uma porta aberta que não queremos fechar. Este é que devia ser o lema das comemorações, porque Abril está presente nas nossas vidas e quando alguém pensar que Abril já cumpriu o seu papel, aí sim, está a matar a liberdade e a fechar uma porta que nunca pode ser fechada.

Vamos trazer Abril para as ruas, em 2024. Vamos lembrar que um Povo Unido Jamais Será Vencido. Vamos lembrar que existe sempre muito caminho a desbravar para continuarmos e nos orgulharmos da nossa revolução, como ela foi, e como continua a ser. Se há quem não segue os seus princípios e entra pelos caminhos errados da corrupção, compadrio, e outras coisas piores, como foram denunciadas recentemente, quer a nível nacional quer regional, temos que exigir justiça, em nome dos valores de Abril, e nunca culpar a nossa liberdade por esses crimes, que devem ser severamente punidos pelas Autoridades com esse poder, constitucionalmente instituído, com a liberdade de Abril.

Vamos lembrar que só com Abril é que somos verdadeiramente defensores de uma Pátria livre onde cabem todos os sectores da nossa sociedade e onde um operário tem tanto valor como um doutor, porque sem o trabalho um do outro, falhamos como sociedade. Vamos dizer que precisamos de valorizar os emigrantes que escolhem o nosso pais para viver, assim como os outros países acolhem os nossos imigrantes espalhados por esse mundo além. Hoje o mundo tornou-se global, para o bem e para o mal, mas a verdade é que quando se cumpriu o primeiro objetivo do 25 de Abril, que foi a descolonização dos Países Africanos de língua Portuguesa, demos um passo importante para esta globalização e respeito pela liberdade de todos os povos.

Vamos continuar a cumprir Abril, porque é a melhor maneira de mostrar o quanto ele ainda é importante na nossa existência, enquanto povo livre, e festejemos os seus 50 anos com muito entusiasmo e respeito pelos seus valores essenciais.