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Venezuela integra Alex Saab na delegação para negociações com a oposição

Foto Arquivo/Yuri CORTEZ/AFP
Foto Arquivo/Yuri CORTEZ/AFP

A Venezuela integrou o empresário Alex Saab, libertado quarta-feira pelos EUA, como membro da delegação que representa o Governo do Presidente Nicolás Maduro nas negociações com a coligação da oposição Mesa de Unidade Democrática.

O anúncio foi feito na quinta-feira pelo presidente da Assembleia Nacional, Jorge Rodríguez, que, numa conferência de imprensa em Caracas, acusou a oposição de conluio com os EUA e de se congratular com a detenção de Alex Saab, em 2020.

"Alex Sabb será incorporado como membro plenipotenciário da Comissão de Diálogo no México, ou em Barbados, ou em qualquer outro país, quando formos alargar algum tipo de acordo no futuro", disse Jorge Rodríguez.

O parlamentar explicou ainda que a mulher de Alex Saab, Camila Fabri de Saab, se manterá como membro plenipotenciário da comissão, "uma vez que tem tido uma destacadíssima atuação, especialmente nas mesas sociais que foram instaladas".

Referindo-se à libertação de Alex Saab, Rodríguez enfatizou: "conseguimos o que em algum momento se considerava que era uma tarefa quase impossível: o resgate de um diplomata venezuelano duplamente sequestrado".

O líder do parlamento reiterou que Saab foi sequestrado "numa oportunidade em Cabo Verde, cujo Governo se comportou como uma sucursal barata dos EUA, e depois sequestrado de novo para ser levado a Miami", frisou.

Rodríguez insistiu que Saab esteve sequestrado durante 1.280 dias, 40 meses.

"Dizemos agora que em breve vão ser dadas a conhecer as torturas indescritíveis a que foi sujeito, os espancamentos, o afogamento simulado, os tratamentos desumanos, o arrancar de três dentes a pontapés, e irá saber-se quem foram os responsáveis por estes crimes contra a humanidade, contra o nosso diplomata (...) em violação da Carta de Direitos Humanos da ONU, do Direito Internacional e do Acordo de Genebra sobre relações internacionais e diplomáticas entre países", disse.

Rodríguez sublinhou que enquanto isso acontecia, "os psicóticos da extrema-direita venezuelana e norte-americana regozijavam-se, como se os maus-tratos fossem algo louvável".

"Regozijavam-se sempre que se referiam ao nosso diplomata sequestrado. E agora ele está aqui [em Caracas], onde sempre deveria ter estado, a receber a homenagem que merece, pelo homem de bem que é e por tudo o que fez pela pátria venezuelana", disse.

O parlamentar precisou que o empresário teve a missão de negociar um acordo para que a Venezuela recebesse combustível, alimentos e materiais médicos em plena pandemia de covid-19.

O presidente da Assembleia Nacional prometeu que o Governo venezuelano vai apresentar as provas de como os opositores Juan Guaidó e Júlio Borges se envolveram no sequestro.

Rodríguez acusou ainda a oposição de apoiar a interceção de barcos de transporte de combustível, vacinas e máscaras, para impedir que chegassem à Venezuela, assim como de contratar escritórios de advogados e oferecer-lhes 10% dos ativos do Estado venezuelano de que se conseguissem apropriar.

Na mesma conferência de imprensa, Alex Saab disse que foi "sequestrado, torturado, isolado, caluniado, difamado e injuriado", sem provas.

"Tal como ao Presidente Nicolás Maduro, agradeço [também] ao Presidente [dos EUA] Joe Biden por ter seguido o caminho do respeito mútuo, da paz e da compreensão. É preciso muita coragem, caráter e visão para conseguir afastar-se de políticas falhadas. Por isso, os meus respeitos ao Presidente Biden", disse.

Pelo menos 24 presos políticos, incluindo sindicalistas e opositores, foram libertados quarta-feira pelas autoridades venezuelanas, além de oito norte-americanos, no âmbito do acordo de libertação pelos EUA de Alex Saab.

Saab foi detido em 2020 em Cabo Verde e extraditado para os EUA, acusado de conspiração para cometer branqueamento de capitais ligado a um esquema de subornos no valor de 350 milhões de dólares (318 milhões de euros) para a concessão de contratos para a construção de habitação social para o Governo da Venezuela.