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MNE relata "solidariedade e surpresa" na UE e garante que fica no cargo

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Foto Lusa

O ministro dos Negócios Estrangeiros português relatou hoje ter tido manifestações de "solidariedade e surpresa" dos seus homólogos da União Europeia (UE) face à crise política no país, garantindo que permanecerá no cargo até às eleições antecipadas de março.

"Isso não era matéria que estivesse em cima da mesa. Somos 27 democracias e cada país tem as suas situações e, por hábito, não colocamos essas questões, mas obviamente que houve manifestações de solidariedade e de surpresa por parte de muitos colegas, mas não passou disso", disse João Gomes Cravinho.

Falando no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, o responsável garantiu que ficará no cargo: "Sim, naturalmente".

"Estamos nesta fase final agora do Governo [já que] o senhor Presidente da República anunciou eleições para 10 de março e, depois, ainda são umas três semanas até à tomada de posse de um Governo e assumo essa responsabilidade, com certeza", adiantou João Gomes Cravinho.

Questionado sobre um eventual impacto económico da crise política no país, o chefe da diplomacia portuguesa rejeitou tal ligação: "Eu creio que quem toma decisões, por exemplo em relação ao investimento, fá-lo numa lógica de médio e longo prazo, com referência a numerosos critérios e, portanto, as circunstâncias políticas, que são conjunturais, não são entendidas como um fator preponderante em decisões de investimento, sobretudo de investimentos mais avultados".

"Eu creio que os investidores sabem que a situação económica em Portugal e os números são os mesmos de há 10 dias e isso não vai, com certeza, prejudicar o nosso país", concluiu João Gomes Cravinho.

O primeiro-ministro, António Costa, pediu na passada terça-feira a demissão ao Presidente da República, que a aceitou.

António Costa é alvo de uma investigação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos num processo sobre negócios de lítio e hidrogénio terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos projetos investigados.

O chefe de Governo recusou a prática "de qualquer ato ilícito ou censurável" e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça "em tudo o que entenda necessário". 

Portugal vai ter eleições legislativas antecipadas em 10 de março de 2024, marcadas pelo Presidente da República, na sequência da demissão do primeiro-ministro.