Madeira

"A nossa companhia de bandeira não presta um serviço à diáspora"

Secretário regional das Finanças deixa recados à República, no Dia do Emigrante, na freguesia da Ilha

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O secretário regional das Finanças lamentou, hoje, a atitude displicente com que o Governo da República trata os emigrantes portugueses, em particular das regiões autónomas, nomeadamente no que se refere ao princípio da continuidade territorial. Rogério Gouveia – que falava na sessão oficial do Dia do Emigrante, na freguesia da Ilha, onde esteve este domingo, 21 de Agosto, em representação do presidente do Governo Regional – não poupou também críticas à TAP.

“A forma como a República olha para os seus emigrantes nem sempre dignifica a própria obrigação de bandeira que o Estado nacional deve ter (…) De certa forma sente-se que as nossas comunidades são órfãs. Vão ao consulado e não têm resposta; querem uma ligação directa à sua terra têm de optar por uma companhia de bandeira estrangeira, porque a nossa companhia de bandeira – que foi salva com o dinheiro dos contribuintes – não presta um serviço à diáspora”, sublinhou o governante, que diz ter constatado esta mesma realidade aquando da sua presença no dia da Madeira em Londres.

“Enquanto governante e enquanto madeirense Entristece viver um país que não olha e não dignifica a sua comunidade emigrante tal como ela merece”, reforçou, apontando como exemplo o facto de as comunidades açorianas e madeirenses terem ficado excluídas do Programa Regressar.

“Um emigrante do continente que queira regressar de vez tem apoio do Estado para o fazer e esse mesmo Estado diz que um emigrante da Madeira ou dos Açores que o queira fazer não tem direito a esses apoios”, salientou.

No sentido inverso, Rogério Gouveia reiterou o compromisso do Governo Regional com a diáspora.

O Governo Regional, tal como no passado, continuará a estar com as nossas comunidades, a sentir as nossas comunidades, a tentar recuperar um pouco do que se perdeu aquando da pandemia do contacto próximo com as nossas comunidades (…). Vamos continuar a tentar, dentro daquelas que são as competências e as possibilidades do Governo Regional, manter sempre estreitos esses laços com as nossas comunidades, para que os nossos emigrantes que estão espalhados por esse mundo fora sintam que a Madeira também é deles e é também para eles que nós trabalhamos todos os dias.

O governante com a pasta das Finanças congratulou-se também com “as políticas de desenvolvimento de coesão territorial que o Governo Regional tem implementado”, de modo a tornar o nosso território “atractivo para investimento da nossa diáspora e do nosso emigrante”.

Se, por um lado, enfatizou a importância de “manter a Madeira no coração daquelas gerações que sucederam aos primeiros emigrantes que foram por esse mundo fora”, por outro, notou que “a Madeira é hoje atractiva para nacionais de outros países que optam e olham para a Região como uma residência”.

A freguesia da ilha voltou assinalar o Dia do Emigrante, neste 21 de Agosto, com o objectivo de reflectir sobre os desafios que se apresentam aos territórios rurais, em particular à costa Norte da Madeira, onde a freguesia da Ilha se integra.

As comemorações iniciaram-se, esta manhã, com a missa dominical em homenagem a Nossa Senhora do Rosário pelos emigrantes, na Igreja Paroquial da localidade.

Seguiu-se, então, a sessão oficial presidida Rogério Gouveia, no Salão Paroquial da Ilha, que antecede um debate um debate dedicado ao tema 'Ferramentas que posicionam um território'. Para essa conversa, a Casa do Povo da Ilha convidou Marco Gonçalves, Gestor do PRODERAM; Micaela Vieira, gestora de projectos da Startup Madeira; Emanuel Pereira, presidente da Direcção da Associação Madeira Rural; e Sara Jardim, agente imobiliária, num debate moderado por António Trindade, presidente da Assembleia Geral da instituição.

O programa engloba ainda a apresentação do livro 'O regresso dos que nunca partiram – Memórias e Histórias da Emigração de São Roque do Faial', editado pela Casa do Povo de São Roque do Faial, e um almoço convívio com iguarias da terra, na sede da Casa do Povo da Ilha.