Fogos florestais e os incendiários

Na época do verão acontecem duas coisas em sincronia e interdependentes: os fogos florestais e os clamores contra os incendiários.

Os fogos florestais acontecem por vários motivos: os que resultam da ignição de matérias combustíveis provocada pela forte incidência da energia solar; os que são resultado dos descuidos das pessoas e, ainda, aqueles que têm origem em actos criminosos dos piromaníacos.

A crescente frequência e intensidade dos incêndios da floresta decorre, num plano parcial, em consequência da variação climática no planeta e da crónica displicência dos governos e autarquias em proceder à limpeza dos matos e de não empreenderem o ordenamento florestal. Para além deste desmazelo, as autoridades não fazem cumprir as existentes disposições legais de prevenção; nomeadamente as respeitantes à criação de áreas circundantes das casas, desprovidas de matos e arvoredos.

No entanto, é de crer que muitos fogos florestais são ateados pelos indivíduos que têm fascínio pelas chamas ou que agem por vingança contra os proprietários das matas. Nestes casos, suscita-se uma reacção generalizada contra os “criminosos”, traduzida na exigência dirigida ao governo no sentido de lhes agravar as penas de prisão a que serão condenados em sede judicial.

Bem considerando racionalmente a questão é facto que estamos confrontados com atitudes que são tomadas impulsivamente, de feição algo primária e de natureza imediatista, sem serem apoiadas racionalmente por avaliação da sua essência; visto que cingidas à superficialidade dos dados em apreço.

Isto escrito pois que o problema da piromania autêntica é muitíssimo complexo. Há que ser, devidamente e com urgência, objecto de estudo por parte de especialistas de formação médica e neurológica.

É de reter em memória a certeza de que, neste aspecto da esfera individual, o indivíduo que desencadeia incêndios florestais não tem um regular exercício e pleno domínio das suas faculdades de alma. Precisa de tratamento medicinal e de sobre ele incidir contínua vigilância de entidades competentes.

Aliás, indo um pouco mais fundo nas observações, haverá deformação educativa em alguns casos de piromania. O que remete para o declínio da Educação em Portugal, da grande responsabilidade dos governos que tão profundamente desgovernam o País e o encaminham para contínua degradação geral.

Fica posto “o dedo na ferida”. Haja quem se disponha a aplicar-lhe os curativos adequados…

Brasilino Godinho