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ONU pede maior empenho dos líderes mundiais na solução de conflitos

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A ONU pediu hoje aos líderes mundiais que se empenhem na solução dos conflitos que causaram um número recorde de mais de 100 milhões de pessoas deslocadas dentro e fora dos seus países.

Numa mensagem alusiva ao Dia Mundial do Refugiado, que se assinala hoje, o responsável pela agência da ONU para os refugiados, Filippo Grandi, disse que a guerra na Ucrânia, que gerou mais de 15 milhões de deslocados, contribuiu para o número recorde alcançado este ano.

Além da Ucrânia, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) regista situações de emergência em países como Etiópia, Burkina Faso, Myanmar (antiga Birmânia), Nigéria, Afeganistão e República Democrática do Congo.

"A falta de soluções está a aumentar à medida que o número de pessoas forçadas a fugir ultrapassa as que podem regressar", disse Grandi, que visita a Costa do Marfim por ocasião do dia mundial.

Este país da África Ocidental, que assistiu ao regresso de 310.000 refugiados (96% do total) nos últimos 10 anos, é um exemplo de que os líderes "podem trabalhar em conjunto para alcançar a paz e enfrentar a situação dos deslocados", disse o diplomata italiano.

O relatório anual do ACNUR, publicado na semana passada, indicava que o número de deslocados e refugiados atingiu um recorde de 89,3 milhões em 2021.

Em 2022, o número ultrapassou os 100 milhões devido a conflitos como o da Ucrânia, desencadeado pela invasão russa de 24 de fevereiro.

Segundo dados do ACNUR referentes a 16 de junho, a guerra na Ucrânia levou mais de 7,7 milhões de pessoas a deixar o país, mas cerca de 2,5 milhões regressaram entretanto.

A invasão russa causou ainda mais de oito milhões de deslocados internos, ou seja, pessoas que tiveram de sair do local de residência habitual, mas que permaneceram no país.

A ONU considerou que a guerra na Ucrânia provocou a maior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"Como resultado da invasão russa em grande escala da Ucrânia este ano, milhões de refugiados ucranianos juntaram-se a este vasto grupo em todo o mundo", disso hoje o Ministério do Interior ucraniano numa mensagem alusiva ao Dia Mundial do Refugiado.

De acordo com o ACNUR, as pessoas deslocadas e os refugiados aumentaram em 2021 pelo décimo ano consecutivo.

O número mais do que duplicou numa década.

Em 2021, os maiores grupos de refugiados eram da Síria (6,8 milhões), Venezuela (4,6 milhões) e Afeganistão (2,7 milhões).

Em termos de países de destino, a Turquia continua a acolher o maior número de refugiados (3,8 milhões, na sua maioria da Síria), seguida da Colômbia (1,8 milhões, principalmente venezuelanos), Uganda (1,5 milhões da República Democrática do Congo) e Paquistão (1,5 milhões de afegãos).