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Industriais britânicos preocupados com diferendo com União Europeia

FOTO NEIL HALL/EPA
FOTO NEIL HALL/EPA

A Confederação da Indústria Britânica (CBI) reiterou hoje discordar de uma ação unilateral do Reino Unido no diferendo com a União Europeia (UE) sobre a Irlanda do Norte, numa altura em que manifesta preocupações com a economia britânica.

A organização do patronato reviu as estimativas para a economia em baixa, de 5,1% para 3,7% em 2022, e de 3% para 1% em 2023, resultado da contração do consumo das famílias e investimento das empresas perante a crise do aumento do custo de vida.  Outros fatores para a desaceleração do crescimento são os problemas de falta de mão-de-obra, que estão a afetar o setor da aviação, resultando em voos cancelados e filas nos aeroportos, e as anunciadas greves nos transportes públicos em Inglaterra. "Prevemos que a economia fique praticamente estagnada. Não vai faltar muito para nos fazer cair em recessão. E mesmo se não acontecer, para muitas pessoas é o que vai parecer. Os tempos são difíceis para as empresas que lidam com custos crescentes e para pessoas de rendimento baixo preocupadas em pagar contas e colocar comida na mesa", afirmou o diretor-geral da CBI, Tony Danker.

Por isso, vincou, é necessário tomar medidas para promover o investimento e estimular a confiança na economia, urgindo o Governo a retomar negociações com Bruxelas sobre a questão da Irlanda do Norte e evitar uma ação unilateral. "Sou firmemente da opinião de que os europeus estão a ser inflexíveis a propósito do protocolo da Irlanda do Norte. Ao mesmo tempo, penso que as nossas medidas para tomar uma ação unilateral, não ajudam", disse Danker.

Na sua opinião, o Governo "deveria tomar uma direção completamente diferente e levar imediatamente o assunto à mesa de negociações", alegando que esta via é do interesse não só das empresas, mas também dos políticos. "Não creio que seja altura de conflito", avisou.

O executivo de Boris Johnson vai publicar hoje uma proposta de lei para facilitar os procedimentos comerciais entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido. Embora não sejam conhecidos pormenores, espera-se que dê poderes aos ministros para subverter partes do protocolo que faz parte do Acordo de Saída do Reino Unido da UE sem o consentimento de Bruxelas. Londres alega ser necessário tomar esta medida para proteger os acordos de paz para a província britânica, que diz estarem ameaçados devido à oposição no território ao estatuto aduaneiro pós-Brexit. Para evitar uma fronteira física, o protocolo deu à Irlanda do Norte um estatuto especial, implicando que respeite algumas regras europeias, o que implica mais documentação e controlos na chegada de mercadorias do Reino Unido.  

O Partido Democrata Unionista (DUP) recusou viabilizar um governo regional enquanto o protocolo não for alterado, o qual considera ter criado na prática uma fronteira no mar da Irlanda, afastando a província do resto do Reino Unido.