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Google quer "aliança mutuamente benéfica" com os media para eliminar "atritos"

Foto DR/Twitter
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A Google quer formar uma "aliança" mutuamente benéfica com os media para dissolver as "relações de atrito", criadas pela controvérsia sobre a remuneração pelo uso do conteúdo, mas alerta para a interferência dos governos em "matérias do jornalismo".

O vice-presidente da Google News, Richard Gingras, falava esta quarta-feira durante um evento promovido pela Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que decorre virtualmente até hoje.

Segundo Gingras, esta é uma "aliança necessária que deve ir além do comercial para enfrentar conjuntamente a mudança no ecossistema jornalístico".

O responsável da gigante tecnológica referiu, durante a sua apresentação, que o "setor das notícias" está a passar por uma "transformação acelerada", assim como as leis, explicando que a Google está empenhada em ser uma "aliada construtiva" dos 'media' na procura de um "jornalismo de qualidade" e de "diversidade de vozes".

"Nos últimos 20 anos, fizemos parcerias com a indústria de notícias e fornecemos biliões de dólares para apoiar a criação do jornalismo na era digital", sustentou.

Richard Gingras manifestou ainda a sua frustração pelas "questões complexas e cheias de subtilezas", como as do ecossistema publicitário, os seus preços e diferentes ferramentas da Google, que muitos "políticos não entendem" e são distorcidas, originando um "clima de diálogo difícil" com os editores dos media.

"Ouço apenas comentários contínuos de que estamos a roubar conteúdo", lamentou o vice-presidente da Google News.

No Canadá ou nos EUA houve uma tentativa de iniciar diálogos ou "aproximar-se de grupos" [de comunicação] que foi rejeitada, exemplificou.

"Temos que conversar", mas "no atual clima, sem contactos diretos, é muito difícil", salientou, referindo-se à reivindicação da comunicação social por uma percentagem do lucro pelo uso do conteúdo como negócio.

Gingras manifestou-se depois contra a ingerência dos governos nas regulamentações de "assuntos jornalísticos".

"Estou preocupado com este caminho, que não será benéfico para nenhum de nós", alertou.

O responsável da Google esclareceu que "os governos começam a regular a Internet, geralmente com boas intenções", mas muitas vezes "com consequências que podem pôr em perigo a liberdade de imprensa e a abertura da Internet".

Gingras defende uma "regulamentação bem pensada", mas espera que vários princípios-chave sejam respeitados, incluindo "proteger a 'web' aberta, a Internet aberta e a liberdade de expressão", e não um sistema de distribuição fechado que favoreça apenas alguns.

De qualquer forma, é fundamental preservar uma "imprensa livre, diversa, aberta e protegê-la da influência governamental que desequilibra o ecossistema noticioso", sublinhou.

Para Gingras, os algoritmos da Google "conquistaram a confiança de biliões de utilizadores" e os princípios e métodos da empresa são "transparentes" e estão estabelecidos num documento disponível mediante solicitação.

A gigante tecnológica já chegou a acordo com vários grupos de comunicação para o pagamento pela exibição do seu conteúdo na secção de notícias do mecanismo de busca mais utilizado no mundo.