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Sociedade Iberoamericana de Imprensa preocupada com "postura antijornalística" de Bolsonaro

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A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) manifestou hoje a sua preocupação pela "postura antijornalística" do Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, e alertou que o tom "agressivo" pode aumentar até às eleições gerais de Outubro.

O relatório preliminar da organização, que será sujeito a aprovação na próxima reunião semestral, considera que a situação da liberdade de imprensa no Brasil "continua preocupante devido à postura antijornalística do Governo de Jair Bolsonaro".

Segundo a SIP, o chefe de Estado de extrema-direita, os seus aliados políticos e os seus simpatizantes "continuam a obstaculizar constantemente o livre exercício da actividade jornalística".

A perspectiva é de que "o nível de agressividade aumente consideravelmente nos próximos meses, antes das eleições gerais", alertou a organização, citando dois casos recentes sobre a atitude do Presidente e do seu círculo de aliados.

O relatírio cita uma mensagem durante um discurso para empresários em que Bolsonaro pede que não invistam em publicidade na imprensa e uma ironia do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do chefe de Estado, sobre a tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão durante a ditadura militar (1964-1985).

A Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão (ABERT) indicou que uma análise da consultora de dados Bites contabilizou uma média de quase 4.000 ciberataques por dia sofridos pelos 'media' brasileiros.

Segundo a SIP, "há também casos de pirataria de dados", e agressões físicas contra jornalistas.

A Associação Brasileira de Jornalismo de Investigação (Abraji) e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) registaram, em diferentes relatórios, ataques contra jornalistas e meios de comunicação, 69% dos quais provocados por agentes estatais.

Um deles, citado no relatório da SIP, ocorreu em 31 de outubro, quando pelo menos cinco equipas de jornalistas foram atacadas enquanto cobriam a visita do Presidente Bolsonaro a Roma, onde assistiria à reunião do G20 (os países mais desenvolvidos e os emergentes).

O relatório inclui também o ataque da semana passada ao jornalista Gabriel Luiz, da TV Globo em Brasília, que foi apunhalado em frente ao edifício onde reside e permanece hospitalizado.

Desconhece-se ainda se o atentado contra o jornalista está relacionado com a sua actividade profissional.