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A Nova Ordem

Os adultos perceberam que podem ser obrigados a ter que “pegar em armas” para defender o seu país

Como muitos já se terão, certamente, apercebido, o contexto que vivemos no ano de 2022 é substancialmente diferente daquele que vivemos até ao final do ano de 2019.

Com efeito, num primeiro momento, iniciado em Janeiro de 2020 com o advento da pandemia de COVID-19, nasceu o “Estado de Direito da Emergência Sanitária.”

De acordo com este novo conceito – convenientemente construído pelo Supremo Tribunal Administrativo, e que tornou obsoletos todos os manuais de Direito Constitucional e de Direito Administrativo utilizados nas Faculdades de Direito – a Constituição e a Lei cedem perante a (alegada) necessidade e proporcionalidade das medidas que a Administração entenda adequadas para assegurar o combate a uma pandemia.

Assim, no contexto desta útil/peculiar modalidade de Estado de Direito, o Estado passou a estar legitimado para impor, pela via administrativa e (quase) sem limites, confinamentos da população, cercas sanitárias a localidades, medidas sanitárias e de higiene, vacinação apressada/experimental, certificados/passes sanitários e vacinais, etc..

E gostou/gosta tanto de o fazer, que, em Abril de 2022, apesar de o COVID-19 já se ter tornado uma doença endémica e “normal”, continua a impor, sem qualquer base científica e/ou racional, o uso aleatório de máscara em recintos fechados e, em especial, nas escolas, limitando sobremaneira a capacidade de aprendizagem, de comunicação e de socialização (e a liberdade) das nossas crianças.

Por sua vez, no plano económico, o Estado aprendeu que pode, por exemplo, limitar/suspender a actividade das empresas e alterar/afectar unilateralmente contratos públicos, sem ser obrigado a pagar/atribuir qualquer compensação, e podendo continuar a exigir o pagamento de contribuições e impostos.

Assim, como é bom de ver, no “Estado de Direito de Emergência Sanitária” ninguém está seguro e (quase) tudo pode ser imposto aos cidadãos e às empresas.

Por sua vez, no final de Fevereiro de 2022, quando o combate à pandemia já não se mostrava capaz de entreter/mobilizar os ânimos, a Guerra voltou à Europa, algo que, para quem não viveu a II Guerra Mundial, era praticamente impensável.

No entanto, com a invasão da Ucrânia, tornou-se evidente que continua a ser possível um qualquer “louco”/tirano atacar outro país, dizimar cidades e povoações, matar e executar civis e violar mulheres, crianças e bebés, colocando – por ora, impunemente – em causa a segurança e a evolução civilizacional que julgávamos ter alcançado.

Os adultos perceberam que podem ser obrigados a ter que “pegar em armas” para defender o seu país, a sua família e os seus bens. Os jovens, apercebendo-se que algo mudou radicalmente, começaram a “googlar” temas como a geopolítica, o holocausto, o nazismo e a guerra fria.

Ou seja, inconscientemente, apercebemo-nos que a História tende a repetir-se.

No plano económico, redescobrimos, da pior forma, os conceitos de inflação descontrolada, dependência energética e alimentar e sanções económicas, percebendo quão ténues são os pilares em que a economia europeia assenta. A escassez e o racionamento de bens, incluindo combustíveis, deixou de ser uma hipótese meramente académica e/ou uma – triste – memória relatada pelos nossos (muitos já falecidos) Avós.

E se há algo que os 2 últimos anos nos ensinaram é que o que está mal, pode piorar, pelo que, excepto para aqueles que vivem na espuma das “bazucas”, dos orçamentos do estado e da retórica do combate político, as incertezas e preocupações são muitas e bem reais.

Eis a Nova Ordem em que vivemos. A Nova Ordem é muito pior e bastante mais insegura que a anterior.