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Cheira a esturro

Estar informado e consciente do que se passa no mundo e à nossa volta permite-nos estar mais bem preparados para enfrentar o futuro.

Durante 2 anos vivemos a ansiedade de conviver com um vírus que se espalhava pelo mundo, sofria mutações e ceifava vidas, enquanto tinha impacto económico e financeiro nos países.

Há 25 dias que somos confrontados com a guerra na Ucrânia. Uma guerra que não é do povo russo, mas da cabeça de um homem -de Putin.

Sempre pensei que no Sec. XXI as guerras far-se-iam com ataques informáticos, químicos ou outros. Sem confronto bélico. Lembrei-me das palavras de um general do exército que num seminário académico alertava sobre os sucessivos desinvestimentos no exército pelo Orçamento de Estado e onde defendia que um país com armamento e equipamento militar obsoleto ficava à mercê dos outros Estados. Defendia que a maior defesa de um Estado é o medo da sua força militar pelos seus adversários.

Nesta guerra, o povo ucraniano e seu Presidente Zelinskyy dão uma lição ao mundo. Têm demonstrado que são, na sua essência, europeus e lutam com toda a sua convicção pela sua terra. Uma das notícias que mais me sensibilizou foi a notícia de um pai que acompanhou os seus 3 filhos menores até à fronteira e que regressou à Ucrânia para lutar pelo seu país, apesar da lei permitir-lhe acompanhar os seus filhos, por serem 3 e menores. Grande carácter. Grande coragem. Merece todo o nosso respeito.

Atos de coragem ocorrem também na Rússia. Muitos russos se têm manifestado contra esta guerra. Acredito que todos estes homens e mulheres sentem medo e receiam as consequências por demonstrarem a sua discordância. Ainda assim, dominam o seu medo e resistem. A isto se chama heroísmo. Nestes homens e mulheres existe muito mais respeito pela democracia do que em muitos homens e mulheres que vivem em democracia, que se silenciam e rastejam por benesses. Grande ensinamento. Recusam-se a estar em silêncio perante a maldade. No dia que todos os homens e mulheres se revoltarem contra a maldade seremos certamente mais bem governados.

Vivemos tempos de turbulência e perigosos. No dia em que se usar armas nucleares, toda a humanidade ver-se-á obrigada a reagir. Até agora, o armamento nuclear existente noutros países retraiu Putin. O perigo persiste. No entretanto, ataques a civis são perpetrados sem qualquer dó.

Internacionalmente, esta guerra vai provocar dificuldades económicas e financeiras acrescidas, sobretudo à Europa. Já não nos bastavam as consequências da pandemia agora somos confrontados com uma guerra, mas não valerá a pena acumularem comida até porque muitas coisas estragam-se e graças à globalização e ao desenvolvimento dos transportes serão encontrados novos mercados abastecedores de produtos. Preocupem-se antes em se manterem saudáveis. A guerra na Ucrânia não fez desaparecer a COVID-19.

É natural sentirmos saturação de tantas medidas restritivas nos últimos 2 anos. O homem é um ser sociável. O desejo e a saudade de socializar é grande. Mas voltar aos velhos hábitos sem nenhum cuidado é aumentar o risco de contágio.

As últimas notícias vindas da China são preocupantes. Várias cidades foram confinadas com mais de 15 mil novos casos registados da COVID-19 este mês, juntamente com um surto ainda maior na cidade de Hong Kong.

A pandemia demonstrou a todos, os que não acreditavam ou não percebiam, que o mundo está cada vez mais global. Portanto, desvalorizar esta informação é irresponsabilidade sobretudo numa Região cuja economia gravita em torno da atividade turística.

Os números de infetados na Região pela COVID-19 parece fazer-nos crer que a doença por cá está controlada. Ora, se não existe testagem generalizada, é óbvio que os números não podem refletir a realidade. Manter a testagem obrigatória tal como ela estava definida, era financeiramente insustentável para o nosso orçamento regional. Mas, questiono todas as pessoas que voltaram aos seus momentos de diversão coletiva: tiveram o cuidado de se autotestarem ou é tudo em fé em Deus? E onde está a campanha do Governo para sensibilizar a autotestagem?

Aceitar como verdade que inevitavelmente iremos todos ser contaminados, é aceitar fatidicamente que seremos contaminados e é contar com a sorte para sobreviver. Não aceito este discurso sobretudo de quem tem responsabilidade política ou governativa. Se nalguns a doença não se manifesta de forma grave, noutros, mesmo com vacinação, a doença é fatal.

Com estas probabilidades, para não termos surpresas desagradáveis, não podemos perder o foco na prevenção e cuidados pessoais enquanto regressamos à dita vida normal. Isto não é neurose. É responsabilidade!