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Austrália e Lituânia apelam para união contra "coerção económica" da China

Foto EPA/LUKAS COCH
Foto EPA/LUKAS COCH

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Austrália e da Lituânia apelaram hoje aos países com posições idênticas para que unam forças contra a "coerção económica" exercida pela China.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, visitou a homóloga australiana, Marise Payne, no Parlamento australiano, onde concordaram em aumentar a cooperação em desafios estratégicos e a oporem-se a práticas económicas coercivas.

Austrália e Lituânia sofreram danos económicos depois de entrarem em disputas com a China.

"Durante bastante tempo, a Austrália foi provavelmente um dos principais exemplos em como a China está a usar a economia e o comércio como instrumento político ou, pode-se dizer até, como arma política", disse Landsbergis.

"Agora, a Lituânia junta-se a este clube (...), mas é evidente que não seremos os últimos", acrescentou.

Os exportadores australianos perderam dezenas de milhares de milhões de dólares, nos últimos anos, devido a barreiras comerciais oficiais e não oficiais colocadas por Pequim que afetaram as exportações de carvão, vinho, carne bovina, lagostim e cevada da Austrália, coincidindo com a deterioração das relações bilaterais com a China.

Recentemente, a Lituânia sofreu também retaliações económicas depois de romper com o protocolo diplomático ao concordar que o escritório de Taiwan em Vílnius se vai designar Taiwan em vez de Taipé-Chinês, um termo usado por outros países para evitar ofender Pequim.

A UE levou a China à Organização Mundial do Comércio, acusando Pequim de reter nas alfândegas mercadorias oriundas da Lituânia e mesmo produtos que contêm componentes lituanos.

Landsbergis deu as boas-vindas à Austrália, para que se junte às consultas da OMC.

"Precisamos de lembrar a países como a China, ou qualquer outro país que deseje usar o comércio como uma arma, que países com posições semelhantes em todo o mundo têm ferramentas e regulações para lidar com a coerção e não ceder a pressões económicas e políticas", disse Landsbergis.

Payne afirmou concordar com Landsbergis sobre a importância de países com posições semelhantes trabalharem juntos e serem consistentes na abordagem de manutenção de uma ordem internacional baseada em regras, comércio livre, aberto e na transparência, na segurança e na estabilidade.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, disse que Pequim está a aderir às regras da OMC nas negociações com a Lituânia.

"A chamada 'coerção' da China contra a Lituânia é puramente fictícia", afirmou, na terça-feira.

"A China insta a Lituânia a enfrentar os factos objetivos, corrigir os seus erros e voltar ao caminho certo de aderir ao princípio de 'uma só China'. Deve parar de confundir o certo com o errado e de agitar maliciosamente as coisas, e muito menos tentar captar outros países para atacarem juntos a China", acrescentou.

De acordo com o princípio 'uma só China', Taiwan faz parte da China e o Governo de Pequim é o único legítimo de toda o país.

A primeira embaixada australiana na Lituânia foi hoje inaugurada. Vilnius também ofereceu apoio para a Austrália negociar um acordo de livre comércio com a UE. Camberra planeia abrir, em breve, um escritório comercial no país báltico.

Landsbergis disse que a resposta internacional à coerção económica precisa ser mais do que regional.

"Tanto a Rússia, como a China atualmente atuam como disruptores da ordem global baseada em regras", apontou.

Para o responsável lituano, é preciso agir contra estas disrupções: "Isto significa estabilizar e fortalecer os nossos laços e, na verdade, essa ordem baseada em regras que dá segurança para alguns de nós e prosperidade também para os outros".