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A geração sanduíche e as criancinhas

A criancinha quer playstation, a gente dá, quer estrangular o gato, nós deixamos, a criança berra porque não quer sopa e nós damos chocolate. Ela quer batatas fritas, hambúrgueres, pizzas e litros de coca-cola e vai ficando gordinha.

Sim, a pequena quer camisola Adidas e ténis Nike porque as colegas de escola têm, é preciso que não lhe falte nada. No restaurante, a menina faz um berreiro levantando-se da mesa e vai brincar com o Ipad, é preciso evitar o escândalo.

A pequena agora é adolescente, pede a mesada e gasta essa massa em saídas, roupa de marca, jantares e copos, vai crescendo e exigindo a mota, o popó, as férias à maneira, começa a ser independente nos gastos, mas dependente das receitas, responde torto aos pais, põe os avós de cócoras ou em sentido, não ajuda na arrumação do quarto, isso é tarefa da criada.

Na escola trata mal o professor e em casa faz queixinhas, lamenta-se e chora, está a ficar perturbada, precisa de psicólogo ou psiquiatra.

Aos 30 anos a pequena vive na casa dos pais a gastar parte substancial do salário dos pais, pode ter emprego ou não, coitada quer ter uma família, um carro, um T2, 4 vezes férias por ano, ir aos concertos que os pais só podem ver pela televisão.

Pedem aos pais uma parte da herança em vida, mas gastam a massa no dia-a-dia, os pais adoecem e têm de ir para o hospital, têm piedade, chamam a ambulância e já é um favor. Nunca mais morrem os avós e eles tanto precisam da herança.

Os velhos estão tramados, devem ser expulsos do trabalho porque são mais nabos em informática e línguas.

São precisos lares, muitos lares, para que os novos fiquem com as casas dos pais pagas com 30 anos de pagamento ao banco.

Afecto é coisa da pré-história, gratidão é palavra que deixou de estar no dicionário, egoísmo agora é liberdade de usar o que é dos velhos. Ter filhos nem pensar, não temos condições para isso, tanto pesa a creche, tantas noites sem dormir para limpar o rabo das novas crianças. É melhor não ter filhos, os emigrantes que venham para os trabalhos duros, que façam muitos filhos e paguem a Segurança Social. Quase que poderia dizer que 70% dos meus amigos de muita idade e de classe média vivem da realidade aqui descrita e todos estão preocupados como terminar os últimos dias da sua vida.