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Organização sindical dos polícias lamenta exposição dos seus elementos em reportagem

Foto José Carmo / Global Imagens
Foto José Carmo / Global Imagens

A Organização Sindical dos Polícias (OSP), visada na reportagem sobre frases discriminatórias atribuídas a elementos das forças de segurança, lamenta a "forma execrável" como alguns dos seus elementos foram expostos e associados ao Chega.

"É execrável, a forma como alguns membros deste sindicato foram expostos e depreciativamente associados ao partido Chega, insinuando uma tendência ou conotação política", realça a OSP em comunicado.

A OSP esclarece que a direção do Sindicato foi, no passado, convidada pelo partido Chega para uma reunião que tinha por objetivo discutir as condições de trabalho e carreira dos polícias.

Por isso, a OSP exorta todos os partidos políticos a convidarem a direção executiva da organização para reunir, discutir, esclarecer sobre as condições humanas e de trabalho dos profissionais de polícia.

A OSP lamenta igualmente a exposição de um seu dirigente que, "de forma gratuita e tendenciosa, viu o seu bom nome posto em causa repetidas vezes, em referência a um caso sucedido em 2011, devidamente julgado e concluído em tribunal".

"Cabe também à OSP esclarecer que a entrevista realizada ao presidente deste Sindicato foi convenientemente editada e descontextualizada, de forma a seguir a linha orientadora ambicionada para a reportagem", refere a OSP.

A OSP destaca também que a informação contida na reportagem é "facciosa, manipuladora e "com intuído de "denegrir a imagem das forças de segurança".

Na nota, a OSP esclarece ter sido contactada para colaboração num trabalho sobre o movimento sindical da PSP e as condições que deram origem ao Movimento Zero.

No entanto, após a visualização da reportagem denominada "Quando o ódio veste farda", a OSP constatou que a informação contida na peça é "facciosa, manipuladora e intuindo denegrira imagem das forças de segurança".

Segundo a OSP, durante a reportagem, foi insinuado que a "PSP tem nas suas fileiras racistas, xenófobos e simpatizantes da extrema-direita".

"No decorrer da reportagem é intuído implicitamente que a hierarquia da instituição da Polícia de Segurança Pública, está conivente com ilegalidades e fecha os olhos a atos criminosos, que sejam cometidos por profissionais de polícia", sublinha a organização.

A OSP salienta que foram "vasculhadas mensagens de 'chat's' privados de Telegram, onde elementos das forças de segurança desabafam e libertam o sentimento de injustiça em palavras. 'Chat's' privados, que alguém que não os órgãos de justiça, foi espiar e agora zelar por divulgar as mensagens privadas visualizadas, sem o consentimento dos seus autores".

"Difundem-se publicamente mensagens extraídas de 'chat's' privados, que até hoje nada espelharam de instigador ou de ilícito contra a vida do cidadão ou no serviço de segurança pública', frisa a OSP.

Na nota, a diz ainda ser "curioso" o facto de a reportagem "vir a público num contexto temporal em que se reivindica um aumento salarial e mais meios humanos e materiais para a PSP.

"Nos últimos tempos, foram várias informações distorcidas da realidade levadas a público, nomeadamente sobre vencimento, 'bónus' e até exposição errada de valores, de serviços remunerados, em capas de jornal", refere a OSP.

Por fim, e ainda sobre os alegados comentários discriminatórios, a OSP diz lamentar que estes casos existam e condena quaisquer comportamentos "efetivos e dolosos de cariz racista ou xenófobo".

Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou na quarta-feira uma reportagem de Pedro Coelho, Filipe Teles, Cláudia Marques Santos e Paulo Pena, na SIC, no Setenta e Quatro, no Expresso e no Público, que mostra que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem, com base em mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) já abriu um inquérito à queixa apresentada pela Direção Nacional da PSP relativa à publicação. Também a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) anunciou a abertura de um inquérito.