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Banco de Fomento quer reduzir ao máximo tempo para dinheiro chegar às empresas

Celeste Hagatong toma posse amahã e hoje falou no congresso da AHP

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A presidente indigitada do Conselho de Administração do Banco Português de Fomento disse hoje que, do que depender da instituição, as linhas financeiras irão chegar rápido às empresas que delas precisem, contando com a colaboração dos dois ministérios normalmente envolvidos.

Questionada se considera que a burocracia é a razão pela qual os empresários se queixam de normalmente as linhas de apoio chegarem com muito atraso, Celeste Hagatong recusou a ideia.

"Acho que não são as burocracias. As burocracias são regras que estarão estabelecidas à partida e que são aceites. Geralmente não é esse o problema", afirmou a responsável durante um painel do 33.º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), que decorre em Fátima.

Para Celeste Hagatong, "o problema é o tempo que demora entre a linha ser anunciada, ter condições estruturadas de aprovação, e a linha estar no ar em termos de distribuição pelas garantias mútuas e pelos bancos". Os três pontos importantes de qualquer processo, sobretudo nas linhas mais habituais, segundo a responsável.

Assim, "ter estes prazos reduzidos é essencial. (...) Da parte do banco de Fomento vamos fazer todos os processos internos de forma as que as coisas sejam tão rápidas quanto possíveis. Ou seja, quando lançamos um produto temos que ter o produto completamente estudado até ao fim (...)", reforçou.

A responsável lembrou, no entanto, que muitos destes produtos "têm intervenção" quer do ministério da Economia quer do ministério das Finanças.

"Nesses casos, as coisas não dependem só de nós, mas espero que também da parte desses dois ministérios se perceba que o tempo de levar estes processos à economia é fazer o sucesso destes produtos, sob pena de saírem fora de tempo como aconteceu em alguns produtos no âmbito da covid (...)", exemplificou.

Rapidez - daquilo que depender do banco de Fomento, quer da 'chairwoman' quer da presidente executiva (CEO), Ana Carvalho, disse - "será um dos pontos chave".

Em 28 de setembro, o ministro da Economia defendeu o papel do Banco de Fomento no combate à "subcapitalização crónica" das empresas portuguesas, estimada em mais de 8.000 milhões de euros, e atribuiu os problemas na instituição a "dores de crescimento".

"O Banco [Português] de Fomento começou a ser operacionalizado em novembro de 2020, portanto, estamos a falar de um bebé que tem dois anos e é evidente que tem as dores de crescimento, tem todo um conjunto de procedimentos e processos que estão a ser afinados e resolvidos", afirmou António Costa Silva durante uma audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação da Assembleia da República, a requerimento do PSD.

"Com todo o esforço extraordinário que está a ser feito pelas equipas e com a fixação de objetivos muito claros", o ministro disse, contudo, acreditar que se vai "conseguir ultrapassar esta fase inicial e ter um Banco de Fomento muito mais perto das empresas e respondendo às necessidades do tecido empresarial".

Segundo salientou, "o Banco de Fomento é extremamente importante para o futuro da economia portuguesa e um instrumento que, se estiver a funcionar bem e no terreno, pode ser capital para o desenvolvimento económico do país, para apoiar a atividade das empresas e para fazer face a uma condição deficitária no tecido produtivo português, que é a subcapitalização das empresas".

"Há algum tempo, a subcapitalização que existe nas nossas empresas foi estimada em cerca de 8.000 milhões de euros. Penso que hoje é superior, face aos efeitos da pandemia", estimou, salientando que o nível médio de capital por trabalhador nas empresas portuguesas "é dos mais baixos da União Europeia", o que "inibe o desenvolvimento económico do país, o aumento da produtividade e a expansão das atividades económicas".

Neste contexto, defendeu que o Banco de Fomento "pode ser um instrumento fundamental para reverter o paradigma do endividamento bancário das empresas ou, pelo menos, complementar e reforçar os seus capitais próprios".

Costa Silva enfatizou que foi precisamente por "identificar a necessidade de uma nova dinâmica no banco que o Governo decidiu reconfigurar o [respetivo] Conselho de Administração", nomeando Celeste Hagatong como 'chairwoman' e Ana Carvalho como nova presidente executiva (CEO).

Hoje, o Eco noticiou que a 'chairwoman' do Banco Português de Fomento vai ter um salário bruto anual superior a 300 mil euros, enquanto a presidente executiva terá um salário da ordem dos 280 mil euros (ilíquidos), "valores que são cerca de três vezes o salário da gestora que liderou o banco até à semana passada". O Eco diz que o Ministério da Economia "continua a esconder os salários das duas gestoras, quando o outro banco público, a CGD, revela os salários dos membros do Conselho de Administração de forma individual".

À margem do congresso da AHP, Celeste Hagatong escusou-se a responder a questões, respondendo que só falaria "amanhã [sexta-feira]", dia em que deverá tomar posse.