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Três inquietações

1. Estamos a, sensivelmente, um ano da realização das Eleições para a Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira. Com as forças tradicionais de Direita madeirense a se reorganizarem, e a abrirem a porta à participação da extrema-direita fascista na governação regional, é necessário uma oposição de combate pelos valores da Democracia, que se empenhe intransigentemente no reforço dos direitos dos trabalhadores, desempregados e pensionistas, garantindo uma luta sem tréguas contra o aprofundamento do empobrecimento em que os madeirenses estão mergulhados. Perante o atual deserto da oposição regional, que alternativa de combate existe para oferecer aos madeirenses?! A que se vendeu aos interesses económicos e capitulou perante os Donos Disto Tudo?!

2. Com a crise aí à porta, e perante as pequenas benesses anunciadas pelo governo da República, não se ouve nada da parte do Executivo Regional, que se limita a aplicar o que é decidido em Lisboa. Não seria tempo, Sr. Presidente do Governo, de voltarmos a ter um subsídio de insularidade de 2% para todos os trabalhadores da administração pública regional, tal como existia antes da troika?! Não seria de, num diálogo aberto e franco com as estruturas sindicais e patronais, negociar a introdução de idêntico subsídio de insularidade, no setor privado?! Se o Governo da República só dá esmolas, o que oferece o Governo Regional?! Aguardemos pelo Orçamento Regional para podermos ver o que de bom nos reserva este documento...

3. Na passada quarta-feira, pudemos ler, num órgão de imprensa regional, as inquietações de um médico psiquiatra que voltou a apontar várias fragilidades na prestação aos cuidados de saúde mental na nossa Região. Numa altura em que a doença mental atinge, seguramente, largos milhares de pessoas, inclusive menores, não será altura de ouvir os especialistas, que há tanto clamam por um internamento hospitalar para esses doentes, atualmente encaminhados para IPSS’s onde, não raras vezes, têm de pagar do seu bolso o próprio internamento?! Será tão difícil perceber que o internamento destes doentes numa ala psiquiátrica de um hospital normal contribui para esbater o estigma associado à doença mental?!