Madeira

Fundação EDP lamenta perda de artista "única e irrepetível"

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Foto Global Imagens

A Fundação EDP lamentou hoje a morte da artista plástica Lourdes Castro, aos 91 anos, no Funchal, "uma artista única e irrepetível", que "deu à arte novas maneiras de ver e novas maneiras de fazer".

Uma das fundadoras do grupo artístico e da revista "KWY", em França, Lourdes Castro morreu hoje, no Hospital do Funchal, aos 91 anos, onde se encontrava internada há uns dias, disse à agência Lusa fonte próxima da família.

Em comunicado, a Fundação EDP recorda a ligação à artista, nomeadamente, com a atribuição, em 2000, do primeiro Grande Prémio Fundação EDP Arte, tendo também produzido e apoiado várias exposições do seu trabalho, representado na sua Coleção de Arte.

"Lourdes Castro é uma artista única e irrepetível, pela originalidade, pela autenticidade, pela procura, pela descoberta. Como todas os grandes artistas, deu à arte novas maneiras de ver e novas maneiras de fazer, concedendo-lhe assim novos inícios", sublinha a instituição.

A Fundação recorda ainda que a criadora, "depois de andar pela Europa, onde viu o que não via [em Portugal], conhecendo, experimentando e criando, regressou à Madeira, sua ilha natal, para viver nesse outro mundo que é a casa e o jardim criados por si e por Manuel Zimbro [seu companheiro]. Ali, era como uma fada no seu reino encantado de onde o mar se vê como uma adivinha".

Lourdes Castro cedeu o livro de artista que constitui o portfólio do número 1 da revista ELECTRA, de crítica, pesquisa e ensaio de tosas as áreas da cultura, lançada pela Fundação em 2018.

A morte de Lourdes Castro "representa uma perda fundamental para a arte contemporânea e, sem ela, o mundo fica mais pobre", acrescenta o comunicado da Fundação, salientando que "a grandeza e a importância da obra da autora do 'Grande Herbário das Sombras' exige" a continuidade do trabalho que tem vindo a desenvolver "para a sua afirmação e projeção em Portugal e no mundo".

Lourdes Castro nasceu a 09 de dezembro de 1930, no Funchal, ilha da Madeira, uma paisagem natural que deixou aos 20 anos para estudar em Lisboa, mas onde se fixaria em permanência em 1983, criando ali o seu refúgio.

A natureza era uma das suas grandes paixões, e com ela viveu uma estreita ligação que se projetou e entrelaçou profundamente no seu trabalho, nomeadamente na série "O grande herbário de sombras" (1972).

Iniciou estudos no Colégio Alemão, mas, aos 20 anos, partiu em direção a Lisboa onde fez o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes (ESBAL), terminado em 1956.

Em 1958, foi-lhe atribuída uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, o que coincidiu com a sua permanência em Paris e ajudou a lançar a revista, impressa à mão, em serigrafia, "KWY" (1958-1963), em parceria com René Bertholo, e em torno da qual se formou o grupo homónimo de artistas que incluía também Jan Voss, Christo Javacheff, Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, José Escada e João Vieira.

A sua obra foi celebrada por exposições de caráter antológico como "Lourdes de Castro e Manuel Zimbro: a Luz da Sombra", no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, em 2010, e na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1992, intitulada "Além da Sombra".

Em 2020, o Ministério da Cultura atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural.

Em junho passado, foi condecorada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.