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Rio de Janeiro cancela carnaval de rua e só terá desfiles no sambódromo

Foto Arquivo
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O carnaval do Rio de Janeiro não terá, pelo segundo ano consecutivo, os tradicionais festejos de rua, que voltaram a ser suspensos devido à covid-19, e apenas realizará os desfiles no sambódromo, informou hoje a autarquia.

Qualificados como "a alma" da maior festa do Brasil, os mais de 500 "blocos" - como são chamados o grupos que desfilam gratuitamente pelas ruas da cidade durante o evento - ,viram novamente frustrado o sonho de dar vida e alegria ao carnaval, para o qual, até ao momento, apenas foram confirmados os majestosos desfiles das escolas de samba, que exigem a compra de bilhetes para serem assistidos no Sambódromo.

O anúncio foi feito hoje pelo prefeito da cidade, Eduardo Paes, após uma reunião com os representantes dos blocos 'cariocas', que durou pouco mais de uma hora e da qual também participou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

"O carnaval de rua, no modelo que foi levado a cabo até 2020, não ocorrerá em 2022", disse o prefeito durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

"O carnaval de rua, pela própria natureza e pelo aspeto democrático que possui, impossibilita o exercício de qualquer tipo de fiscalização", explicou.

O mesmo não acontecerá com os desfiles do Sambódromo, que, segundo o prefeito, se mantêm até ao momento, uma vez que nesse modelo é possível contar com "uma série de controlos", como os que são realizados para entrar num estádio de futebol, ainda que faltem definir quais e como serão realizados.

O cancelamento do "carnaval da rua" foi aceite pelos blocos, que haviam concordado em aceitar a decisão da autarquia a esse respeito.

Paes destacou que o seu secretário de Saúde já o havia alertado sobre a dificuldade de realizar os desfiles de rua na cidade devido ao aumento de casos do covid-19, aparentemente devido à circulação da nova variante ómicron.

A taxa de positividade para o vírus passou de 1% em meados de dezembro para 13% na última semana no Rio de Janeiro, segundo dados oficiais.

No entanto, o número de internações na rede pública de saúde continua como um dos mais baixos desde o início da pandemia.

A expectativa do secretário de Saúde é que, embora as infeções tenham aumentado na cidade, a vacinação evite que se registe um número "alto" de internações e óbitos pelo vírus.

O secretário garantiu ainda que a epidemia de gripe na cidade foi travada e que os casos de infeção simultânea pela covid-19 e gripe (flurona) são isolados, sem relevância epidemiológica.

Diante da impossibilidade de realizar o "carnaval da rua" na cidade, o prefeito lembrou que propôs outra alternativa para esses desfiles que não foi aceite pelos representantes dos blocos.

"Propus que levássemos esses blocos para três pontos da cidade onde pudéssemos estabelecer controlo, como passaporte vacinal, testagem e, gratuitamente, oferecer um carnaval, para manter a cadeia produtiva dos blocos, o dinheiro que gera, as pessoas que emprega, e ao mesmo tempo permitir que a população pudesse desfrutar de um carnaval de graça, sem nenhum tipo de cobrança", disse Paes sobre a proposta rejeitada pelos blocos.

Além do Rio de Janeiro, Salvador - capital da Bahia - também cancelou hoje o carnaval de rua e outras cidades onde esse tipo de folia é famosa, como São Paulo e Recife, ainda não emitiram uma decisão definitiva.

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse em novembro passado que se dependesse de si não haveria Carnaval no Brasil em 2022 devido à pandemia de covid-19.

Juntamente com os Estados Unidos e Índia, o Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia, com mais de 619 mil mortes e 22,3 milhões de pessoas infetadas com o vírus.

A covid-19 provocou 5.448.314 mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.