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Tristeza

Uma tristeza isto tudo, é o que é… Resta-me sonhar que o meu voto me vá dar uma alegria…

Escrever em dia de eleições não é bom. Exige cautela, sobretudo para um apartidário militante que preza acima de tudo a sua quase total independência; o Benfica é a excepção que confirma a regra…

Andei portanto um bocado às voltas com o tema, sendo que o que me apetecia envolvia alguma politiquice e não quis ir por aí. Opto por falar de questões relacionadas que me incomodam, que são várias e variadas.

Olhar para a política e para os partidos como se de um clube de futebol se tratasse (olha quem fala! Vide comentário acima sobre o Glorioso…) é um clássico que as redes sociais ajudam a expor. A defesa do indefensável; o pensamento acrítico sem vergonha; o escrever contrariando o que em surdina se diz; o seguidismo ou a militância por necessidade; a tudo isto assisto, já sem grande espanto mas com tristeza.

Ver, à posteriori, os “prémios-bandeirinha” então é de bradar aos céus. Gente sem uma ideia, sem um contributo que não seja o abanar da dita em arruadas cujo benefício também me escapa, a ultrapassar outros correligionários que pensam e agem em conformidade com princípios é igualmente triste, embora não me afecte directamente. Atenção que não são todos, não é uma generalização!

Depois, esta falsa sensação de escuta atenta e de interesse pela opinião da sociedade civil, ignorada logo à primeira oportunidade pelos outros “valores” mais altos que sempre se levantam é outra tristeza.

Também muito se falou da ausência do tema Educação no debate político. Concordando, acrescentaria que faltou sobretudo educação no debate político, por mais veementes e/ou contundentes que possam ser as críticas. A falta de nível é tal que às vezes parece que estou num estádio. Triste, triste, quase que com vergonha alheia, ainda para mais quando é nos melhores fatos que caem as maiores nódoas. E os próprios, tão cheios de si, não veem nada…

O pior de tudo talvez seja mesmo a instalada cultura do medo, que previne que se discutam temas incómodos não só por quem está no poder como pelos incumbentes.

Esta teia muitíssimo bem urdida de interesses que medra entre certas empresas, os partidos políticos e o Governo; como dar cabo disto quando está tão instituída esta lógica da dependência, do subsídio, da ausência de fiscalização mesmo perante a maior das evidências de fraude ou ilegalidade? Uma enorme tristeza, aliada a um sentimento de impotência que não sei como resolver…

Porque os caracteres estão a acabar-se, termino com uma tristeza mais micro, exemplificativa talvez do porquê deste sentimento geral e que tem a ver com a dissonância, aqui tantas vezes já falada, entre a (triste) realidade e a ficção da propaganda política.

Ando a trabalhar na resolução da carga burocrática que permitirá, no meu caso, converter a fundo perdido 17% do financiamento que fomos forçados a recorrer para fazer face às consequências da decisão dos governos que impediram que pudéssemos prosseguir com a nossa actividade. Alguém acha isto normal? Lógico? Justo? Sequer sério?

Uma tristeza isto tudo, é o que é… Resta-me sonhar que o meu voto me vá dar uma alegria…