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Alertas contra Chega à esquerda e afectos à direita marcam penúltimo dia de campanha

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Foto Lusa

O penúltimo dia de campanha eleitoral ficou hoje marcado pelos alertas da esquerda contra o perigo da extrema-direita influenciar a governação, apesar de Rui Rio ter recusado que possam existir "conversas de gabinete" com o Chega.

À direita, o dia ficou também marcado pelo reiterar da disponibilidade da IL e do CDS-PP para integrar um Governo liderado pelo PSD, enquanto à esquerda se somaram alertas contra "os interesses" do chamado 'bloco central'.

Numa iniciativa em Setúbal, o secretário-geral do PS acusou o PSD de ter levantado todas as "linhas vermelhas" no seu relacionamento com a extrema-direita e de ter abandonado o centro político para tentar captar votos do Chega.

"Esta mudança e esta evolução no PSD é muito significativa. Eu diria que é mesmo o facto mais significativo desta fase final da campanha, porque o PSD começou por dizer que era o partido ao centro e acaba por ser o partido que, em vez de estar a disputar -- como seria normal -- muitos dos eleitores indecisos com o PS, o que está preocupado é em ir captar votos que são do Chega", sustentou António Costa.

O presidente do PSD tinha começado o dia no Fórum da TSF a dizer que, se vencer as eleições, só admite conversar com o Chega sobre orçamentos "no debate parlamentar normal à vista de toda a gente", rejeitando que possam existir conversas de gabinete para "convencer" André Ventura.

Na resposta, o presidente do Chega criticou a proposta do líder do PSD de conversações "à vista de toda a gente".

"Isto é política de navegação à vista, de depois logo se vê. Isto não se faz. Temos que ser responsáveis", afirmou Ventura, numa iniciativa em Sines, depois de, nos últimos dias de campanha ter procurado pressionar o PSD a não excluir o Chega de um possível Governo de direita.

Mais tarde, numa arruada do PSD muito participada em Santa Catarina, e na qual se gritou "vitória", Rui Rio disse que o PS "merece perder" por fazer campanha "com base na mentira" e teve ao seu lado antigos adversários internos como Luís Filipe Menezes, Paulo Rangel ou Aguiar-Branco.

As comitivas da Iniciativa Liberal (IL) e do PSD cruzaram-se nessa iniciativa, mas não os seus presidentes, já que Rui Rio chegou depois da hora prevista, e entre abraços e desejos de boa sorte ouviu-se falar em "coligação de afetos".

"Nós sempre dissemos que estávamos disponíveis, temos a mesma vontade de alterar este ciclo político", assumiu João Cotrim Figueiredo.

Também no distrito Porto, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, insistiu que espera um resultado que permita ao partido contribuir "fortemente para uma nova maioria de direita".

"Não me importava de lixar o PS e a extrema-esquerda, aparar bem", afirmou, de lixa na mão, numa visita a uma empresa da área da carpintaria.

À esquerda, o secretário-geral do PCP insurgiu-se, no Barreiro (Setúbal), contra a "persistência" do discurso de bipolarização e do bloco central, classificando-o como "truques" que apenas conduzem ao "resvalamento do PS" para salvar a política de direita.

"O reforço da CDU é uma questão fundamental para impedir o resvalamento do PS, repetindo o que muitas vezes repetiu ao longo da história da nossa democracia, de que é necessário é derrotar a política de direita e não fazer arranjinhos", completou.

Na mesma linha, a porta-voz do PAN acusou PS e PSD de promoverem "austeridade e cativações" e estar ao serviço de "interesses instalados".

"Já poderíamos ter, ao longo destas décadas de governação em que estes partidos têm estado no eixo do poder, feito avançar o país. Ao invés disso, tivemos austeridade e cativações", afirmou Inês Sousa Real.

A coordenadora do BE, Catarina Martins, dedicou hoje a manhã aos problemas das pessoas com deficiência, comprometendo-se a levar estas questões para a mesa das negociações depois das eleições.

Na terça-feira à noite, num comício em Almada, o fundador do BE Fernando Rosas avisou que o "Chega é o porta-voz da regressão civilizacional e da barbárie", considerando "uma indignidade" permitir que o partido de André Ventura possa vir a contribuir para qualquer modalidade de maioria parlamentar.

Também o dirigente e fundador do Livre Rui Tavares alertou hoje que uma maioria de direita trará ao país uma "enorme encruzilhada" e uma "gravíssima crise política", sustentando que a direita nunca teve clareza em relação à extrema-direita.