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Fortalecer cooperação europeia pode implicar revisão de regras orçamentais

O chanceler Olaf Scholz de um governo de coligação com pontos de vista diferentes na matéria.   Foto  EPA/Kay Nietfeld /POOL
O chanceler Olaf Scholz de um governo de coligação com pontos de vista diferentes na matéria.   Foto  EPA/Kay Nietfeld /POOL

O fortalecimento da integração e cooperação europeia é uma das metas do novo Governo alemão, formado pela coligação "semáforo", e pode implicar reformas a longo prazo, como a mudança das regras orçamentais.

"É simplesmente necessário manter a União Europeia viva", realçou o economista Gustav Horn à agência Lusa, acrescentando que um dos grandes compromissos do novo Governo, formado pelo Partido Social Democrata (SPD), os Verdes, e os liberais do FDP, é fortalecer a integração europeia.

"Isso requer reformas de longo alcance, por exemplo, da estrutura orçamental da União Europeia. É esperado que, especialmente o chanceler, bem como o seu partido (o SPD) e os Verdes, apoiem alterações das regras orçamentais, desde que permaneçam, pelo menos, algumas regras", apontou o também membro do Conselho Executivo do SPD.

Horn acrescenta que o ministro das Finanças, Christian Lindner, também líder dos Liberais do FDP, estará "mais relutante em fazê-lo", mas acabará por agir de forma "pragmática". O economista alemão acredita que irão prevalecer os "instintos reformistas que fazem parte novo executivo".

O debate sobre essas mudanças poderá mesmo acontecer, concorda Christian Odendahl, economista-chefe do Center for European Reform (CER).

"A própria Alemanha investirá muito mais internamente, e estará mais aberta a agendas de investimento tão ousadas vindas de outros países da Europa. Isso, por sua vez, lançará o debate sobre as políticas orçamentais", adiantou à agência Lusa.

"A consolidação orçamental depois da pandemia vai ser complicada, mas parece que a Alemanha dificilmente repetirá os erros de 2010, quando a consolidação foi muito rápida", acrescentou.

Nenhum dos partidos que integram a coligação prometeu uma mudança radical na postura da Alemanha em relação à Europa. Há o receio, ainda assim, de que Lindner possa arrastar a economia mais poderosa do continente de regresso à postura mais regrada dos tempos pré-pandemia.

O economista André Wolf acredita que o novo ministro das Finanças venha assumir uma "postura orçamental mais rígida", que será, num futuro próximo, "ofuscada pela necessidade de promover a recuperação económica da crise de covid-19" por meio de investimentos públicos em toda a Europa.

Mas, para o chefe do departamento de investigação de economia internacional do Instituto de Economia Internacional de Hamburgo, o estímulo a um crescimento sustentável dependerá sempre, entre outros, do Banco Central Europeu (BCE) e do clima económico global, em particular da evolução dos preços nos mercados de matérias-primas.

Em relação às políticas alemãs relativas à União Europeia, Wolf não espera um "desvio claro na abordagem seguida pelo governo anterior".

"No entanto, certamente haverá tentativas de fortalecer a cooperação com França no aprofundamento da integração europeia em áreas como a transformação energética ou o desenvolvimento das infraestruturas", concluiu.