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Costa afirma que continuidade de políticas requer a renovação de quem as conduz

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O secretário-geral do PS afirmou hoje que a continuidade de políticas requer sempre renovação de quem as conduz e criticou o modelo de congelamento do salário mínimo nacional, contrapondo que as sociedades só avançam em conjunto.

Estas posições foram assumidas por António Costa no final de uma sessão com cidadãos independentes, na sua maioria das áreas da cultura, ciência e desporto, que apoiam o líder socialista nestas eleições legislativas e que se realizou em Monsanto, em Lisboa.

Na parte final da sua intervenção, o líder socialista procurou afastar a ideia de que continuidade de aposta no atual modelo estratégico possa significar que as coisas fiquem na mesma. Um tema que surgiu depois de o professor da Faculdade de Medicina Miguel Castanho lhe ter colocado a questão de "sangue novo" num futuro Governo socialista.

"Tal como na vida, também a política é feita de mudança. Estamos agora precisamente num momento que será de mudança ou não será de mudança, isso dependente dos eleitores. Esperamos que haja continuidade de políticas", disse, antes de fazer uma ressalva.

"A continuidade das políticas, muitas vezes, para ser bem sucedida, precisa efetivamente da renovação de quem as conduz e de quem cria as políticas. Há sempre dinâmicas de criação e de alteração que se têm de fazer. Necessariamente, isso tem de acontecer também na vida política", declarou o secretário-geral do PS.

Na parte inicial da sua intervenção, o primeiro-ministro destacou os resultados de longo prazo alcançados por uma das medidas tomadas a partir de 1995, pelo primeiro Governo de António Guterres, referente à generalização do pré-escolar, dizendo que o país tem hoje mais desportistas, mais agentes da cultura e mais cientistas que se destacam no plano internacional.

A partir deste ponto, sem nunca falar no PSD, António Costa criticou o modelo de congelamento do salário mínimo nacional, alegando que isso significa também "verdadeiramente congela todos os outros salários" e que o país não ganha competitividade por essa via.

Discordou também da ideia de descida do IRC para todas as empresas, contrapondo que a evolução de uma sociedade só se pode fazer em conjunto.

"Não é possível com esta geração, que é a mais qualificada de sempre, estar num país sem salários europeus", afirmou

Pelo contrário, para António Costa, "quanto mais crianças praticarem desporto, maior número de campeões olímpicos teremos".

"Não serão todas grandes atrizes de teatro ou cinema ou escritoras, mas quanto mais crianças tomarem gosto pela leitura, pelo teatro ou pela música os respetivos percursos de vida serão diferentes", sustentou.

Com a campeã olímpica Rosa Mota sentada ao seu lado, António Costa afirmou que sempre teve a ideia de que o exercício executivo de funções políticas era um trabalho de maratona.

"Mas não sabia efetivamente era um misto de maratona, corrida de obstáculos, corta-mato e até de triatlo. Isso, de facto, não tinha bem essa noção", declarou, numa alusão aos quase dois anos de impacto da pandemia da covid-19.

Depois, neste contexto, o secretário-geral do PS considerou fundamental a existência de "um sentido de solidariedade".

Na sessão, entre outras personalidades, estiveram presentes o escritor Valter Hugo Mãe, a atriz e encenadora Maria do Céu Guerra, o ex-reitor da Universidade de Lisboa António Cruz Serra, o presidente do Instituto Politécnico de Setúbal e Presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Pedro Dominguinhos, a embaixadora das Women in Tech Portugal Cláudia Mendes Silva, a diretora da Bocant Joana Branco, Paulo Dimas, da Unbabel, e a investigadora e ex-presidente da Associação Nacional dos Investigadores de Ciência e Tecnologia Cláudia Botelho.

Estiveram ainda presentes os médicos infeciologistas Fernando Maltês e Margarida Tavares, assim como Miguel Castanho, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e investigador do Instituto de Medicina Molecular.