Mundo

Analistas atribuem subida do preço do petróleo sobretudo a fosso entre procura e oferta

Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens
Foto: Pedro Granadeiro/Global Imagens

Os analistas contactados pela Lusa atribuem os preços elevados do petróleo à continuação da pouca oferta face à elevada procura a que se juntam tensões geopolíticas que aumentam o nervosismo dos investidores e a especulação.

O preço do barril do petróleo Brent (de referência na Europa), para entrega em março, chegou hoje a superar os 89 dólares no mercado de futuros de Londres. Os mercados admitem que as subidas continuam e que o preço do 'ouro negro' possa chegar aos 90 ou mesmo aos 100 dólares.

Segundo o analista da ActivTrades Ricardo Evagelista a justificar a subida está, sobretudo, um aumento da procura de petróleo que tem excedido as expectativas e uma oferta de petróleo que não responde a essa procura, desde logo devido ao desinvestimento dos produtores de petróleo no pico da crise pandémica e que ainda não conseguiram recuperar a produção.

A somar a isto, disse, têm feito subir o preço do petróleo tensões geopolíticas recentes, quer por provocarem ansiedade dos mercados, quer por criarem pressão especulativa.

"A grande divergência entre procura e oferta associada a febre especulativa tem feito subir o preço do petróleo", afirmou Ricardo Evangelista.

Para o analista da corretora XTB Henrique Tomé há um grande défice entre muita procura e reduzida oferta de petróleo, até "reduzida de forma artificial", com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) sem conseguir aumentar os níveis de produção apesar da pressão dos EUA, a que se somam "constrangimentos de produção na Líbia e Cazaquistão e a situação médio oriente mais tensa" que tem provocado o aumento do preço.

O analista considera que os comentários da OPEP têm sido cautelosos, falando do risco de novas variantes da Covid-19 e no impacto que terá na procura.

"Muitos membros não têm capacidade para produzir mais", disse.

Além do fosso entre procura e oferta, entre os fatores que fazem subir o preço do petróleo está a intensificação do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que tem causado novas perturbações no fornecimento de gás russo à Europa (o que leva a mais procura de petróleo), o ataque de rebeldes huthis iemenitas nos Emirados Árabes Unidos (numa região chave da produção de petróleo), a interrupção de fluxo de petróleo do Iraque para a Turquia (para ser exportado) devido a um incêndio no oleoduto Kirkuk-Ceyhan (contudo, o fluxo já foi restabelecido). Também a crise no Cazaquistão esteve, nas últimas semanas, impacto sobre o preço do petróleo.

A OPEP+, grupo que junta os membros da OPEP com aliados como a Federação Russa, decidiu aumentar a sua produção diária em 400 mil barris em fevereiro. Contudo, parece estar em ter dificuldades em vir a cumprir essa meta devido a problemas de produção em alguns membros (como Líbia ou Cazaquistão).