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Governo de Sócrates deu uma "resposta insuficiente" à crise

Foto DR/Global Imagens
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O antigo ministro das finanças do PS Fernando Teixeira dos Santos disse que o governo de José Sócrates deu uma "resposta insuficiente" à crise, aludindo à "ilusão" de que iria passar e às "medidas de caráter defensivo".

"Reconheço que a nossa resposta foi insuficiente. Não foi capaz de convencer os mercados. [...] Por razões políticas que também aqui refiro. Tinha custos políticos. Houve sempre muita relutância em tomar medidas que pudessem ser suficientemente fortes e ousadas para enfrentar crise", referiu Teixeira dos Santos em declarações à Grande Entrevista, na RTP3, conduzida pelo jornalista Vítor Gonçalves.

De acordo com o ex-governante, na fase inicial da crise havia muita incerteza em relação aos seus efeitos e "ramificações".

"Não houve coragem política para usar um programa mais ousado. [...] Várias vezes comuniquei ao primeiro-ministro que precisávamos de pedir ajuda, em que eu lhe disse que íamos precisar de ajudar. Ele disse que ia ver. Era um jogo de ir adiando", salientou.

Teixeira dos Santos lembrou que o então primeiro-ministro José Sócrates argumentava com a reputação internacional e com os mercados.

"A reputação já não estava bem [...]. As medidas do PEC 4 [Programa de Estabilidade e Crescimento] imponham sacrifícios significativos. Nós já estávamos fora dos mercados", anotou, acrescentando que um "default seria desastroso para a Banca".

O antigo ministro das Finanças disse ainda que Portugal conseguiu criar robustez após a ação da troika.

"Acho que o país ficou mais robusto após a troika. Em 2015 ainda não estava corrigida inteiramente a situação do défice, mas as finanças públicas estavam numa trajetória de correção e melhoria", sustentou.

Na entrevista, Teixeira dos Santos recordou também que o país encontra-se numa situação de equilíbrio externo há nove anos.

"Desde 2013 que Portugal está numa situação de equilíbrio externo, em que as importações não são superiores às importações. É uma coisa inédita. É a primeira vez desde o século XIX que isto acontece", concluiu.