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Oposição sublinha derrota do regime em Barinas, apesar de uso de meios estatais

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Foto EPA

A oposição venezuelana, democrática e comunista, sublinhou hoje que a derrota do regime de Nicolás Maduro na repetição das eleições regionais de Barinas ocorreu apesar do uso de meios estatais para conseguir inverter o resultado da primeira votação.

"A ditadura foi derrotada duas vezes [em Barinas, 21 de novembro de 2021 e 9 de janeiro de 2022], pela coragem, solidez e consistência do povo. Todo o poder de um Estado usurpado [esteve] em Barinas. Dezenas de generais e [os responsáveis do partido do presidente Maduro] não conseguiram deter o que é evidente: a maioria quer uma mudança e não deixaremos de insistir até ver uma Venezuela democrática e livre", disse hoje o líder da oposição, Juan Guaidó, em conferência de imprensa.

Segundo Guaidó, a vitória "deve servir para reforçar a alternativa democrática, a possibilidade de um acordo abrangente na Venezuela, para enfrentar a possibilidade de uma eleição presidencial antecipada ou um referendo revogatório" do mandado do Presidente Maduro.

 Guaidó insistiu que é preciso um acordo que leve a eleições livres e justas e sublinhou que "o dilema não é votar ou não, mas defender a vontade da maioria dos venezuelanos que querem voltar à democracia".

"A curto prazo a Venezuela terá eleições presidenciais, parlamentares e inclusive regionais, e temos de nos preparar desde já (...). Que Barinas sirva de exemplo", frisou o político.

Guaidó enviou também uma mensagem às Forças Armadas Venezuelanas (FANB) e "aos que ainda sustentam o regime: nós temos intacta a disposição de conseguir um acordo integral para acabar com a crise, que oferece garantias para todos".

Barinas é a região onde nasceu Hugo Chávez, que presidiu o país entre 1999 e 2013, tendo sido sucedido por Maduro.

Por outro lado, para o Partido Comunista da Venezuela (PCV), que até há pouco apoiava o Governo venezuelano, a derrota do 'chavismo' ocorreu porque o povo se levantou contra os abusos do regime.

O líder do PCV, Óscar Figuera, sublinhou hoje nas redes sociais que apesar do "assédio governamental" que impediu que o PCV apresentasse um candidato às eleições, os comunistas "continuarão firmes na construção de uma alternativa popular revolucionária, como opção genuína para uma saída revolucionária da crise".

Segundo os comunistas, o Governo poderia ter perdido honrosamente as eleições de 21 de novembro, mas a arrogância  "levou-os a fabricar um novo cenário eleitoral, a desqualificar o PCV e a fazer uso de todo o aparelho estatal".

O candidato da oposição venezuelana, Sérgio Garrido, foi eleito, domingo, governador do estado de Barinas, que nos últimos 23 anos foi liderado por militantes do 'chavismo'.

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral, Garrido, da aliança Mesa de Unidade Democrática, obteve 172.497 votos, correspondentes a 55,36% dos eleitores.

O candidato Jorge Arreaza, do Pólo Patriótico (Partido Socialista Unido da Venezuela e outras organizações) obteve 128.583 votos, correspondentes a 41,27% dos eleitores.

Na terceira posição, com 5.596 votos (1,77%) ficou Cláudio Fermim, de Aliança Democrática, tendo ainda sido registados 4.987 (1,67%) votos a favor de outros candidatos.

As eleições regionais e municipais venezuelanas tiveram lugar em 21 de novembro de 2021, mas em Barinas foram anuladas pelo Conselho Nacional Eleitoral, por ordem do Supremo Tribunal de Justiça que anunciou ter constatado que o candidato da oposição Freddy Superlano concorreu apesar de ter sido desqualificado.

Superlano venceu por uma estreita margem o candidato apoiado pelo Governo, Argenis Chávez, irmão do falecido Hugo Chávez, que dias depois renunciou à possibilidade de recandidatar-se.