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Confrontos entre autoridades e gangues provocam quatro mortos e pelo menos sete feridos na Venezuela

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Foto EPA/Mario Caicedo

Quatro mortos e pelo menos sete feridos é o saldo de confrontos entre grupos criminosos e efetivos dos organismos de segurança venezuelanos, no setor da Cota 905, na zona oeste de Caracas, noticiou hoje a imprensa.

Segundo a imprensa local, os confrontos começaram na tarde de quarta-feira (noite em Lisboa) e entre os feridos estão dois agentes da polícia.

Os confrontos ocorreram depois de Leonardo José Polanco Angulo, do grupo criminoso "Loco Leo" (que controla dois grandes bairros de Caracas, El Valle e Coche, a sudoeste de Caracas) ficar ferido durante um enfrentamento com a polícia.

Os elementos dos gangues decidiram tomar os acessos às localidades de El Paraíso, Santa Rosalia e El Cementério (a oeste), e dispararam desde a parte alta da Cota 905 contra a Autoestrada Norte-Sul, deixando dezenas de motoristas imobilizados, com as suas viaturas, dentro dos túneis de El Cementério.

A situação prolongou-se durante a última noite e a polícia resgatou os motoristas que tiveram que abandonar as suas viaturas dentro dos túneis e restringiu os acessos às zonas do oeste da capital.

Entretanto, residentes em Montalbán, La India, El Paraíso, Nueva Granada, El Cementério e El Valle, denunciaram que 18 horas depois continuam a ouvir disparos desde a parte alta da Cota 905, que os impediram de dormir durante a noite, obrigando-os a manter-se afastados das janelas das residências.

Pelas 10:00 locais de hoje (15:00 em Lisboa) era visível a presença de viaturas blindadas da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) e do Comando Nacional Anti-Sequestro (CONAS) em Montalbán, Páez e El Paraíso, esta última localidade onde está situada a direção operacional da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar).

Através da rede social WhatsApp, residentes nos bairros afetados continuam a recomendar aos vizinhos para que não saiam das suas residências.

Ainda em Caracas, comerciantes de San Martín e Quinta Crespo (centro da capital), tiveram que encerrar os estabelecimentos comerciais devido à presença de motociclistas armados, integrantes dos bandos armados.

Desde finais de abril que as autoridades venezuelanas tentam desarticular os grupos criminosos "El Vampi", "Garbis", "Coqui (também conhecido como Koki)" e "Loco Leo", que durante várias semanas tomaram o controlo de vários bairros, entre eles La Vega e o setor conhecido como Cota 905.

Também em finais de abril, o diretor do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária) anunciou que estava em curso um "processo de conversação" com o grupo criminoso Coqui para que "entreguem as suas armas".

 Em 17 de junho, as autoridades venezuelanas ofereceram 100 mil dólares (833,5 mil euros) de recompensa por informações que levassem à detenção de membros de três grupos criminosos, responsáveis pelo assassínio de polícias e civis em Caracas.

A recompensa foi anunciada pela Polícia Nacional Bolivariana (PNB) que divulgou, através das redes sociais, os nomes, fotos e número de identificação de 15 membros dos grupos "El Vampi", "Garbis" e "Coqui".

O anúncio teve lugar depois de nos últimos dias se registarem confrontos entre as forças de segurança e os grupos criminosos que dispararam desde a parte alta de La Vega contra a entrada do bairro, causando três mortos.

  Em 12 de junho, as forças de segurança realizaram uma operação policial para libertar La Vega dos grupos criminosos, tendo inclusive chegado a alguns dos locais onde se refugiavam.

Na operação, em que foram detidas 38 pessoas, participaram funcionários das Forças de Ações Especiais (FAES), da Divisão contra Criminalidade Organizada (DCDO), da Direção de investigações Penais (DIP) e da Direção de Inteligência e Estratégia (DIE) da Guarda Nacional Bolivariana.