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Negociações para novo Governo no Líbano fracassam e agravam crise

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As negociações para a formação de um novo governo no Líbano voltaram hoje a fracassar, o que vai implicar gravar o colapso económico e financeiro para o pequeno país árabe. 

O primeiro-ministro designado, Saad Hariri, deu conta do fracasso negocial após mais uma curta reunião com o Presidente libanês, Michel Aoun, num último esforço para ultrapassar uma divisão que impede a formação de um executivo para pôr cobro ao colapso económico do país.

Hariri responsabilizou diretamente Aoun pelo atraso de meses, acusando-o de insistir em adquirir poder de veto para os seus aliados no novo governo. 

Hariri, que foi encarregado por Aoun de formar Governo em outubro depois de nomeado por uma maioria de deputados, está a procurar formar um executivo de tecnocratas, ou especialistas não partidários, enquanto Aoun pede um Governo alargado com pelo menos 20 ministros.

O primeiro-ministro designado indicou que Aoun lhe enviou uma lista com uma proposta para os ministros do executivo, com poder de veto dado a sua aliança, pedindo-lhe para ratificar os nomes, pedido que rejeitou por considerá-lo inconstitucional.

"A função de um primeiro-ministro designado não é a de preencher listas de ninguém, e não é função de um Presidente formar um governo", frisou Hariri.

O gabinete de comunicação do Presidente libanês negou já "veementemente" a alegação de que Aoun enviou a Hariri uma lista com nomes, sugerindo que o primeiro-ministro designado não deseja formar um governo "por razões que não têm nada a ver com sua composição".

Aoun foi eleito para um mandato de seis anos, depois de o Líbano ter permanecido quase dois anos sem chefe de Estado.

O Presidente libanês é um aliado do grupo Hezbollah, apoiado pelo Irão. 

Hariri, que trabalhou de perto com o Hezbollah no passado, está a travar uma luta pelo poder com o partido político de Aoun e está sob pressão para excluir o Hezbollah de um futuro Governo.

A crise económica e financeira que assola o Líbano é a ameaça mais grave à sua estabilidade desde o fim da guerra civil de 15 anos em 1990.

A moeda local, a libra libanesa, está em queda livre desde o final de 2019, tendo já perdido mais de 90% de seu valor. 

O governo deixou de pagar a dívida externa no ano passado e quase metade da população foi empurrada para a pobreza e para o desemprego. Os preços dos bens essenciais aumentaram e a inflação disparou. 

Os bancos impuseram controlos informais sobre as poupanças das pessoas e as reservas estrangeiras do Banco Central diminuíram num país dependente de importações. 

O Governo anterior apresentou a demissão após a explosão no porto de Beirute que matou 211 pessoas, feriu mais de 6.000 e danificou bairros inteiros da capital.