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Dois militares venezuelanos mortos e 32 colombianos detidos na fronteira

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Pelo menos dois militares venezuelanos morreram domingo em confrontos com grupos insurgentes armados colombianos, que viram 32 elementos detidos, no estado de Apure (sudeste), região fronteiriça entre os dois países, indicou hoje o Exército da Venezuela.

Num comunicado, as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) da Venezuela indicaram que foram registados confrontos com "grupos armados irregulares colombianos", tendo sido "neutralizado" um dos cabecilhas, conhecido como "El Nando".

As forças armadas venezuelanas não precisam se "El Nando" foi morto ou detido e entregue à justiça, uma vez que as FANB costumam utilizar o verbo "neutralizar" de forma ambígua, refere a agência noticiosa espanhola EFE.

Nos confrontos, prossegue-se no comunicado, as FANB "capturaram" 32 pessoas, sem, porém, revelar as respetivas identidades ou nacionalidades, destruíram seis acampamentos na zona e apreenderam uma quantidade até agora indeterminada de armas, munições, explosivos, apetrechos de guerra, veículos automóveis e droga.

"Vários militares ficaram feridos, estando-lhes a ser prestado o devido atendimento médico", lê-se no documento, que precisa que as vítimas mortais são um major e um primeiro-tenente.

As FANB acrescentaram que várias unidades militares, com o apoio de forças da segurança do Estado, continuam a realizar operações de busca e perseguição na área em "estrito cumprimento" da ordem presidencial de "tolerância zero contra este tipo de grupos criminosos".

As forças armadas venezuelanas afirmaram também que reiteram o "compromisso incontornável" de continuar a lutar contra os crimes transnacionais paramilitares, narcotráfico e de qualquer outro tipo de crime, "mobilizando todas as capacidades operacionais disponíveis para garantir a paz, a soberania e a independência nacional". 

Vários meios de comunicação locais noticiaram domingo os confrontos ocorridos em Apure.

Também no domingo, num discurso ao país de mais de duas horas, o Presidente venezuelano, Nicolas Maduro, falou sobre a operação em curso.

"Começamos a operação 'Escudo Bolivariano' para proteger as fronteiras. As nossas forças armadas estão no terreno e estão a combater e a apresentar resultados nessa luta pelo controlo territorial", afirmou Maduro.

No domingo, também Etelivar Torres, presidente da câmara de Arauquita, na Colômbia, deu conta de "explosões provenientes da aviação venezuelana".

Segundo um general venezuelano no exílio, contactado pela agência noticiosa France-Presse (AFP), o ataque a aviação de Caracas visou um campo de treino de dissidentes do antigo grupo rebelde das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Embora a maioria dos 13.000 membros da antiga guerrilha marxista colombiana tenha baixado as armas, houve fações "dissidentes" que se marginalizaram do processo de paz na Colômbia nos últimos três anos. 

Segundo o serviço de inteligência militar colombiano, esses grupos, sem comando unificado e financiados pelo narcotráfico e minas de pedras preciosas clandestinas, estão a fortalecer-se em áreas isoladas do país.

Apesar de 2.200 quilómetros de fronteira comum, a Venezuela e a Colômbia não têm relações diplomáticas desde que Bogotá reconheceu o opositor Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela, em janeiro de 2019. 

As relações entre os dois vizinhos ideologicamente opostos são atualmente muito tensas.