Madeira

Sensatez

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Boa noite!

Marcelo Rebelo de Sousa voltou a falar ao País. Podia ser mais do mesmo, mas retenho que tenha falado sobretudo de olhos postos em quem manda ou tem poder, do que naqueles que aguentam o sacrifício decorrentes de decisões superiores há meses, sem grande margem de erro e de manobra.

O Presidente pediu ao executivo que "aprove as indispensáveis medidas de apoio às famílias, aos trabalhadores e empresas mais afectados”, ou seja, moratórias financeiras, fiscais e contratuais, apoios a fundo perdido, 'lay-off' e medidas de capitalização das empresas. Marcelo sabe que muitos portugueses querem acção imediata que os liberte do garrote feito de promessas vãs, de anúncios desprovidos de substância, de conferências de imprensa repetitivas, de burocracia infestante e de propaganda inconsequente.

O Presidente pediu que “nunca se confunda estudar e planear com desconfinar”. Toda a gente sabe no que deu a pressa festiva, a apetência tresloucada por abrir a economia só para satisfazer apetites e caprichos e a facilidade com que o experimentalismo toma posse. Como muitos portugueses, Marcelo desconfia dos que têm mestrado em ‘achismo’ e que fazem planos em cima do joelho, com escapatórias que não dão para sítio algum. E também palpita que em ano autárquico há quem esteja à espreita para dar sinais de folga, inaugurar, arrebanhar e mimar, mesmo que aparentemente desaconselhe ajuntamentos e comícios.

O Presidente pediu sensatez. Para que não haja precipitações, apesar da diminuição de casos funcionar como um apelo que teria tanto de “tentador como leviano” caso se transformasse em ordem. Para que as cenas tristes não se repitam. Para que o pior passe de vez. Para que arrogância recolha ao arquivo.

Bom senso precisa quem manda e que nos empata com milhões virtuais, falsas expectativas e até queixinhas ridículas. Ainda hoje ouvimos um governante da ilha criticar a comunicação social por não ter feito eco do elogio de um doente do continente que esteve a ser tratado à Covid na Madeira, como se os agradecimentos tivessem sido publicitados e se soubéssemos nome e mural de quem foi aqui internado. Contudo, uma coisa é certa: esta gente só protege a identidade dos doentes quando lhes dá jeito.