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Nomes para recordar

Termina dentro em breve mais um ano em que nos deixaram muitos artistas importantes, mas nem sempre imediatamente identificáveis pelo nome. De, literalmente, centenas de artistas que já não estão connosco, mas que marcaram a história do seu género de arte, seguem-se alguns cujo legado merece ser acarinhado e apreciado.

Figuram entre estes nomes alguns bastante sonantes e outros que possam parecer anónimos mas cujas contribuições artísticas ficaram igualmente marcantes.

Alguns deles são:

- o inventor do “Wall of Sound”, Phil Spector (81), um produtor musical que teve 20 “Top 40” hits em apenas 4 anos, de 1961 a 1965, mas que se tornou ínfamo por ter sido condenado por homicídio, acabando por morrer na prisão;

- Chick Corea (79), um teclista virtuoso de jazz fusion, que chegou a estudar na famosa escola de música Juilliard em Nova Iorque, mas abandonou os estudos, para se lançar ao mundo de jazz, chegando a integrar a banda de Miles Davis e editando, em 1972, o icónico álbum “Return to Forever”;

- Charlie Watts (80), o percussionista dos Rolling Stones, mas também designer gráfico que contribuiu para as capas dos seus discos e cenografias dos seus concertos;

- Stephen Sondheim (91), compositor e letrista americano, vencedor de 1 prémio Óscar (“Sooner or Later” do filme “Dick Tracy”, interpretado por Madonna), 8 prémios Tony, 8 prémios Grammy e do prémio Pulitzer para teatro, considerado “o maior e talvez o mais conhecido artista do teatro musical americano”;

- Mikis Theodorakis (96), compositor e ativista marxista, que chegou a ser encarcerado pela junta militar grega (quem não conhece “Zorba, o Grego”, com Anthony Quinn a dançar sirtaki?);

- Christopher Plummer (91), ator canadiano com uma carreira venerável, popularmente conhecido como capitão von Trapp do filme “Música no coração”;

- Edita Gruberová (74), rainha de soprano coloratura operático, que veio da Eslováquia e fez a sua carreira sobretudo na Ópera Estatal de Viena, estreando-se como Rainha da Noite na “Flauta mágica” de Mozart em 1970;

- Bernard Haitink (92), maestro holandês, maestro principal da Orquestra Filarmónica de Londres durante mais de uma década e diretor musical da Royal Opera House em Londres durante 15 anos, intérprete versátil de Bruckner, Mahler e Wagner;

- James Levine (77), maestro e diretor musical da Ópera Metropolitana em Nova Iorque durante quatro décadas, cujos últimos anos passaram sob sombra de acusações de assédios sexuais;

- Yevgeny Nesterenko (83), baixo operático russo que ganhou o Concurso Tchaikovsky em 1970, cantou uns 50 papéis principais no conhecido Teatro Bolshoi em Moscovo e acabou por ser vitimizado pelo Covid-19;

- Richard Donner (91), o realizador de filmes conhecidíssimos tais como o primeiro (e uma versão do segundo) “Superman”, “Os Goonies” e “O Presságio”;

- Marion Ramsey (71), atriz afroamericana que protagonizou o papel da sargente Laverne Hooks em todas as seis partes da comédia policial “Academia de Polícia”;

- o nome do cantor B. J. Thomas (78) talvez não faça muita impressão, mas quase não há quem não conheça a canção “Raindrops Keep Fallin’ On My Head” do filme “Dois Homens e Um Destino” (Butch Cassidy and the Sundance Kid);

- também o nome do ator Samuel E. Wright (74) não deve parecer muito conhecido, mas quem via os filmes para crianças, com os seus filhos ou netos, na década dos 90 e depois, certamente fixou a voz do caranguejo Sebastião do filme “A Pequena Sereia” e do Mufasa de “O Rei Leão”;

- e por último, um ator com uma carreira que se estendeu ao longo de mais de nove décadas: o americano Norman Lloyd (106), um dos protagonistas do filme “O Clube dos Poetas Mortos”, cuja última contribuição cinematográfica foi lançada quando ele já tinha celebrado o centenário do seu nascimento!

Todos eles, e outros tantos, iluminaram as nossas vidas com a sua arte e fizeram-nas mais profundas, mais bem vividas e mais humanas. Que a sua herança continue a inspirar as vidas que chegarem a tocar. A todos, um Bom Natal e feliz Ano Novo!