Mundo

Lula diz que será candidato a Presidente do Brasil para conter extrema-direita na região

Foto EPA/JUAN IGNACIO RONCORONI
Foto EPA/JUAN IGNACIO RONCORONI

O ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva deu sinais de que será candidato à Presidência do Brasil para "derrotar o neoliberalismo" e pediu aos chilenos que não votem pela opção da extrema-direita nas eleições de 19 de dezembro.

"Se eu ganhar as eleições no Brasil, com o Alberto Fernández aqui (na Argentina) e com um governo progressista no Chile, nós poderemos fazer muita coisa pela nossa querida América do Sul", afirmou Lula perante líderes sindicalistas da Argentina e militantes de esquerda argentinos, brasileiros e chilenos.

Embora seja o favorito para ganhar as eleições de outubro de 2022 no Brasil, o ex-Presidente (2003-2011) tem dito que só vai decidir sobre a candidatura em março. Na Argentina, no entanto, tem dado sinais de que a decisão já está tomada.

"Eu não sei se no Brasil há tanta gente que queira que eu volte a ser candidato a Presidente como aqui na Argentina", brincou.

"Eu estou a trabalhar para derrotar o neoliberalismo no Brasil", disse Lula, em nova indicação de que poderá ser candidato, acrescentando que "o Brasil não merece o governo que tem", em referência ao Presidente Jair Bolsonaro.

No auditório da Confederação Geral do Trabalho (CGT) da Argentina, Lula explicou que "não precisaria ser candidato", mas que o avanço da extrema-direita no Brasil e na região o faz preparar-se para enfrentar o discurso fascista.

"Quero dizer uma coisa do fundo do meu coração: eu não precisaria ser candidato a Presidente. Eu já fui Presidente da República. Tive a sorte de ter o apoio do povo brasileiro e de deixar a Presidência com 87% de imagem entre bom e ótimo. Mas o que está a acontecer? A extrema-direita está a crescer e nós temos o exemplo no Brasil e precisamos preparar-nos para enfrentar isso com um discurso progressista, com um discurso de esquerda, um discurso em defesa do povo trabalhador", afirmou.

Em declarações a jornalistas, Lula minimizou ter dito "se eu ganhar as eleições" e "eu quero voltar".

"Eu não lancei a minha candidatura. Eu disse que só vou lançar em março", precisou.

Em 19 de dezembro, os chilenos vão às urnas para uma eleição polarizada entre a extrema-esquerda de Gabriel Boric e a extrema-direita de José Antonio Kast.

O ex-Presidente brasileiro fez um apelo sobre as eleições chilenas e disse ao auditório de militantes "estar preocupado" com o avanço da extrema-direita.

"Antes de chegar a eleição no Brasil, teremos eleição no Chile. Quem está a tentar ganhar é um candidato de extrema-direita, com um pensamento muito fascista, com pensamentos até nazistas, defensor maior do Pinochet", alertou Lula.

"Eu sei que nem vocês nem eu temos de nos meter nas eleições do Chile, mas nós temos a obrigação de dizer aos nossos irmãos chilenos que não existe a possibilidade de permitirmos que o Chile tenha um retrocesso", justificou.

"Temos um companheiro progressista, da qualidade do Gabriel Boric. Queria fazer um apelo aos nossos amigos chilenos para que votem no companheiro Boric para Presidente do Chile nas próximas eleições", pediu Lula, definindo o apelo como "um recado importante para que o povo chileno saiba que estamos preocupados".

Na saída, Lula colocou um boné da campanha de Boric e posou para fotos com militantes chilenos, brasileiros e argentinos.