Madeira

Albuquerque viu hoje e pela primeira vez um peixe-espada-preto vivo ‘no seu habitat’

undação Rebikoff-Niggeler tenciona criar Centro de Divulgação no Funchal

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O presidente do Governo Regional da Madeira teve esta tarde “a grata satisfação de ver pela primeira vez uma espada (peixe-espada-preto) viva”. Foi a bordo do navio 'Ada Rebikoff' da Fundação Rebikoff-Niggeler, que desenvolveu dois projectos na região autónoma nos anos de 2019 e 2020, o DEEP Madeira e o MARE@ Porto Santo 2020, que Miguel Albuquerque assistiu ao vídeo inédito de um peixe-espada-preto no seu habitat, captado a cerca de 1000 metros de profundidade, “graças à tecnologia”, sublinhou.

Imagem captada num dos muitos mergulhos que o casal Jakobsen tem realizado (um a dois por semana) a bordo do Submersível Luna 1000.

Depois de assistir, na companhia do secretário regional do Mar e Pescas, Teófilo Cunha, a uma apresentação de alguns dos trabalhos científicos realizados na Madeira, Miguel Albuquerque confessou ter ficado “maravilhado” com o que viu. Reforçou o interesse em ter na Região a Fundação Rebikoff-Niggeler, “parceiros decisivos” para continuar o trabalho de investigação “na nossa plataforma continental e no mar profundo”, até porque, “só 15% do mar é que é conhecido”. Não estranha por isso que “muitas espécies são descobertas todos os anos”.

A bordo do catamarã 'Ada Rebikoff', acostado no cais 8 do Funchal, Albuquerque registou com agrado a presença desta “fundação com muitos anos de experiência” e equipada com “material técnico muito bom”, sublinhou.

Coube ao casal Jakobsen, num dos mergulhos no Submersível Luna 1000 ter tido a felicidade de “filmar pela primeira vez, aqui nos mares da Madeira, o peixe-espada-preto”, enalteceu Joachim Jakobsen.

Apostados em continuar a “divulgação do mundo profundo”, depois de 20 anos a trabalhar nos mares dos Açores, nos últimos dois anos a Fundação Rebikoff-Niggeler, “fundação sem fins lucrativos - de Utilidade Pública -, tem vindo a marcar presença nos mares da Madeira, dando continuidade ao “trabalho científico”, nomeadamente vídeo e documentação, alem de mapeamento de habitats.

O casal revelou que a fundação já “comprou edifício perto da Praça Amarela, na Rua do Esmeraldo” com o propósito de futuramente criar um “Centro de Divulgação”, ou seja, um espaço de “exposição permanente” sobre os projectos de investigação desenvolvidos.

Com muito ainda por descobrir no fundo do oceano, Joakim Jackobson não tem dúvidas que “as profundezas são ricas e bonitas”, concretizou.

A Fundação Rebikoff-Niggeler é baseada na vida e obra de Ada e Dimitri Rebikoff, pioneiros no desenvolvimento de tecnologia subaquática.

Dimitri Rebikoff (1921-1997) e Ada Rebikoff (1913-2011) estiveram entre os grandes pioneiros do mergulho e da fotografia submarina em particular.

Dimitri Rebikoff desenvolveu o primeiro flash electrónico subaquático, câmaras de filmar e em estéreo e a primeira scooter subaquática, a “Torpilha”, o “Pegasus” e o primeiro veículo teleguiado (ROV). A sua contribuição para o desenvolvimento da fotografia subaquática foi a todos os níveis, muito inovadora.

Datas marcantes na vida de Dimitri Rebikoff:

Após a Segunda Grande Guerra, Dimitri Rebikoff estudou na Universidade de Sorbonne de Paris. Mais tarde mudou-se para Lausanne, na Suíça, onde abriu uma oficina e onde fez a sua primeira invenção, o colorímetro, um instrumento de medição da temperatura de cor.

1947: A invenção do flash portátil criou uma data marcante na fotografia técnico-científica. Tornou-se possível tirar uma fotografia de uma bala no momento do disparo com uma velocidade de exposição de 1 milionésimo de segundo.

1952: Desenvolvimento da primeira “scooter subaquática”, “Torpille”, que mais tarde se transformou no primeiro veículo subaquático de controlo remoto, o “Poodle”.

1953: Desenvolvimento do “Pegasus“, veículo subaquático tripulado por um mergulhador, O “Pegasus” foi equipado com intrumentos Gyro e e revelou-se um sucesso internacional.

Em 1959 Ada e Dimitri Rebikoff mudaram-se para os Estados Unidos. Dimitri trabalhou como engenheiro chefe com companhias como Loral, Chicago Bridge, etc. Novas tecnologias levaram a maiores desenvolvimentos em televisão e em câmaras subaquáticas de alta velocidade.

Veículos subaquáticos como o “Pegasus” e o “Sea-Inspector”, equipados com câmaras subaquáticas, foram usados por empresas petrolíferas, a indústria cinematográfica, o Oceanographic Office e a Marinha dos Estados Unidos.

Em 1980 Dimitri Rebikoff estabeleceu o Rebikoff Institute of Marine Tecnology, um instituto sem fins lucrativos, em Fort Lauderdale, Florida