O ministro que desconfia do Primeiro Ministro

O Ministro da Defesa (MD) arranjou mais um imbróglio após o que se passou há dias com a precipitada e abortada demissão do atual Chefe do EMA, ao decidir não informar o Primeiro Ministro (PM), sua chefia direta, sobre o escândalo de tráfico de droga, contrabando de diamantes e lavagem de dinheiro, levado a cabo por militares portugueses no âmbito de uma missão das Nações Unidas (NU) na Serra Leoa. Também o Presidente da República (PR) e Chefe Supremo das Forças Armadas não foi informado sobre o escândalo, ao que parece porque o atual CEMGFA omitiu essa informação ao CCM do PR. António Costa (AC) tudo tem feito para colocar nas cúpulas das estruturas do Estado e empresas públicas o máximo de boys do PS ou quem que lhe esteja afeto e parece que nem as Forças Armadas (FA) escapam à asfixia de governamentalização partidária do governo do PS. O MD em vez de se focar em tornar as FA mais eficientes a todos os níveis incluindo os seus meios de fiscalização, procurou através de uma reforma cujo principal objetivo ao que parece foi esvaziar competências dos órgãos colegiais das FA para concentrá-las num órgão o CEMGFA que sendo nomeado pelo PR é uma escolha do governo. Alega o MD que teve um parecer jurídico que o “impediu” de dar conta do escândalo mais cedo ao PM o que é um absurdo, porque ainda que integrando uma missão das NU os militares pertenciam às FA de Portugal. Para o MD só as NU, desde há muito imersas em numerosos escândalos semelhantes, é que lhe mereceram a confiança exclusiva para reportar um caso desta natureza. Nem o PM nem o PR mereceram do MD a necessária confiança para lhes transmitir informação sobre o escândalo quando o ministro dele teve conhecimento. A questão que se põe é a seguinte se o ministro desconfia do PM ao ponto de lhe sonegar informação sobre um assunto de interesse nacional com impacto negativo no prestígio das FA e do País restará ao PM outra alternativa que não seja demiti-lo?

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