Não havia necessidade de chumbar o O.E

Se o Orçamento de Estado (OE) para 2022 não agradava a sindicatos, patrões e partidos da oposição desde a esquerda à direita, então era um bom orçamento. Não compreendo o porquê dos partidos de esquerda em Portugal sentirem-se bem a derrubar um partido de esquerda moderada no Governo para beneficiar partidos de direita extremistas, como o Chega, esses dão sempre as mãos e protegem-se mutuamente para governarem a qualquer preço. Não se pode dizer que havia crise económica em Portugal ao ponto de fazer cair o Governo com a dissolução do Parlamento.

A crise era – continua a ser - apenas política e de fácil resolução, bastaria que o Governo continuasse a governar com duodécimos já que o OE de 2021 era, digamos, generoso e permitiria tal solução. Aliás, não seria a primeira vez, e acredito que não será a última, dado a dificuldade, cada vez mais acentuada, de haver maiorias absolutas em Portugal. Haverá, no futuro, dissolução da AR sempre que um orçamento seja chumbado? É pois, para mim, perfeitamente incompreensível a obsessão do Sr Presidente da República em convocar eleições antecipadas, chamando, novamente, os portugueses às urnas num curto espaço de tempo com a agravante de paralisar o pais em 60/90 dias, com graves atrasos na recuperação da economia que estava a começar a entrar num período de recuperação acima da média europeia, após a terrível crise pandémica que nos afetou. Os pequenos partidos, como sabem que dificilmente chegarão a governar, são useiros e vezeiros em criar estas crises como forma de se afirmarem no panorama político e dizerem aos portugueses que ainda têm algum protagonismo, todavia não pensaram que com novas eleições tudo poderá ficar na mesma, ou no pior dos cenários entregar o poder de decisão ao Chega se entretanto houver uma caranguejola de direita tal como acontece, agora, nos Açores.

Será que o PCP e o BE, os grandes defensores do povo, pensaram nisso quando chumbaram o O.E ou pensaram apenas no protagonismo? É óbvio e facilmente compreensível que nenhum 1º Ministro em exercício poderá ceder a todos os caprichos e reivindicações dos partidos que o apoiam pois correria o risco de esvaziar o seu próprio programa de governação. Se cada partido ou coligação pensar apenas no seu umbigo é certo e sabido que Portugal não recupera e os portugueses sofrerão as consequenciais. Pensem antes no país e nos portugueses antes de pensarem em si próprios.

Juvenal Rodrigues