Mundo

Bolsonaro não comparece na cimeira do clima porque todos lhe "atirariam pedras"

None

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não comparecerá na cimeira do clima da ONU (COP26) em Glasgow, no reino Unido, porque "todos atirariam pedras" contra ele, disse hoje o vice-presidente do país, Hamilton Mourão.

"O Presidente Bolsonaro sofre uma série de críticas. Por isso, ele não irá a um lugar onde todos atirem pedras nele. Haverá uma equipa robusta com capacidade de levar a cabo uma estratégia de negociação", disse Mourão, em declarações a jornalistas.

O vice-Presidente brasileiro é um dos responsáveis por um conselho intergovernamental criado para cuidar da Amazónia, bioma alvo de ações de desflorestamento e mineração ilegal em larga escala no país desde a posse do atual Governo.

O desflorestamento e as queimadas que nos últimos três anos devastaram parte da Amazónia têm gerado duras críticas da comunidade internacional, que atribui estes fenómenos às agressivas políticas de desenvolvimento impostas por Bolsonaro na região amazónica.

Segundo dados divulgados esta semana por uma organização ambientalista, a emissão de gases com efeito de estufa cresceram 9,5% no ano passado no Brasil, impulsionadas justamente pelo efeito do desflorestamento na Amazónia e atingiram o maior nível dos últimos 14 anos.

"O Brasil conseguiu a façanha de ser talvez o único grande emissor que aumentou a poluição no primeiro ano da pandemia. Os dados confirmam que os destruidores da selva, impulsionados pela política anti-ambiental de Jair Bolsonaro, não ficaram a trabalhar em casa", garantiu Marcio Astrini, do Observatório do Clima.

Mourão, sem comentar estes dados, atribuiu a crítica à política de Bolsonaro ao facto de que "a maioria das pessoas que têm consciência ambiental é de esquerda" e o Governo brasileiro "é de direita".

Assim, segundo o vice-Presidente, "há uma crítica política embutida nisso" e também "há a questão económica", que procura sempre "uma barreira em relação à agricultura em expansão" no Brasil.

Bolsonaro chegou a Roma na sexta-feira para participar na cimeira do G20, mas, ao contrário de outros líderes desse grupo, não viajará para Glasgow para participar na COP 26 e permanecerá em Itália até terça-feira.

Esta semana, o chefe de Estado brasileiro atribuiu a decisão de não comparecer na COP 26 a uma "estratégia de Governo" e garantiu que o Brasil será "muito bem representado" pelo seu ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, que chefiará a delegação.

A 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas decorre de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, no Reino Unido.