Incêndios e resignação

O verão chegou e com ele os incêndios florestais que fizeram de Portugal nos últimos anos recordista europeu da área florestal ardida. Justificar a falta de prevenção com a pandemia é um contrassenso. Não fosse isso e nem uma agulha arderia na triste melancolia da nossa floresta. O “massacre” de Pedrogão, o incêndio do Pinhal de Leiria ambos em 2017, o grande incêndio de Monchique em 2018, Arganil, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Castelo Branco etc. todos os anos pasto das chamas nada têm a ver com a pandemia. Fala-se de comissões nomeadas pelo Governo (Gov) para estudar e propor medidas, da reforma da floresta sempre adiada com a justificação das limitações legais que não são ultrapassadas por manifesta falta de empenhamento e vontade política dos deputados, de adjudicações diretas dos meios de combate ao fogo que custam milhões ao erário público. A prevenção e a rapidez no início do combate ao fogo são fundamentais mas o Gov não tem sido capaz de pôr em prática medidas efetivas de prevenção como abrir mais aceiros e acessos para conter a propagação do fogo, facilitar o seu combate e melhor defender as populações e os seus bens, criar uma rede de vigilância para detetar e localizar com rapidez e precisão através de drones os incêndios no seu início, criar novos núcleos de bombeiros voluntários com formação específica para detetar e combater fogos florestais, com perfeito conhecimento local do território, com meios técnicos, logísticos e de pessoal estrategicamente colocados e distribuídos pelo território para nos meses críticos não só ajudar a detetar e iniciar com a máxima rapidez possível o combate ao fogo, mas também orientar localmente as populações na defesa de vidas e bens. Este como outros são assuntos cujo escrutínio os deputados negligenciaram mesmo sendo quinzenais os debates com o Gov na Assembleia da República. Parece que aos portugueses resta apenas aceitar com “católica” resignação o flagelo dos incêndios florestais.

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