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Madeira

“O que se passa no Lar da Bela Vista é um cenário de guerra”, acusa presidente do sindicato dos enfermeiros

Juan Carvalho não poupa nos adjectivos para classificar as condições "degradantes e perigosas" que diz existir na instituição.

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Tudo por causa da falta de recursos humanos. O rácio é 1 para cada 22 utentes, o que é manifestamente insuficiente, protesta o presidente do SERAM. Além disso critica a ausência de folgas semanais e a prestação de trabalho extraordinário.

“O que se passa no Lar da Bela Vista é um autêntico cenário de guerra”. A declaração explosiva pertence ao presidente do Sindicato de Enfermeiros (SERAM) e serve para ajudar a classificar as condições de trabalho da classe que representa. Juan Carvalho diz mesmo que “aquilo que ali se passa é assustador e perigoso”. Tudo porque o rácio de profissionais de enfermagem (22 para cada utente) fica muito aquém do exigido. 

“É uma situação degradante para os profissionais e para os utentes que não têm qualquer qualidade nos cuidados e na segurança porque não é possível assegurar numa situação destas. É um cenário de guerra” Juan Carvalho, presidente do SERAM

“Depois do anúncio, no início do ano, que iriam para lá 25 profissionais de enfermagem, seguidos pelo SESARAM, porque o Lar da Bela Vista não tinha profissionais e a Segurança Social não queria contratar profissionais porque diz que a vocação não é a prestação de saúde, mas para outras áreas, até ao momento só foram 12 [enfermeiros], 9 estão no Lar [Bela Vista], porque os restantes foram para o Lar Santa Isabel e para o Lar Sagrada Família”, denuncia.

Ora, é perante o universo de 200 utentes institucionalizados, em que “mais de 80% apresentam um grau elevado de dependência (...), em que necessário assegurar cuidados de enfermagem num regime de 24 sob 24 horas, como é possível 9 enfermeiros para uma instituição com sete pisos e com duas centenas de utentes, conseguem garantir com qualidade e segurança cuidados de enfermagem?”, questiona. “Não é possível”, responde de imediato. “É uma situação degradante para os profissionais e para os utentes que não têm qualquer qualidade nos cuidados e na segurança porque não é possível assegurar numa situação destas. É um cenário de guerra”, reafirma ainda mais contundente.

“O mais caricato disto tudo é que estes enfermeiros estão a fazer trabalho extraordinário constante sem direito à sua folga semanal principal”, acrescenta ao leque de acusações. Mais: “Têm horas para serem pagas, e tempo para ser compensado desde Janeiro a esta parte, e junto das instituições que estão ligados a resposta é: não sei, vamos ver...” declara em forma de protesto, apontando o dedo à Instituto de Segurança Social que terá remetido a responsabilidade para o SESARAM, que por sua vez terá endereçado o caso para a Rua Elias Garcia. 

“Os enfermeiros são do SESARAM, mas foram cedidos à Segurança Social, andam aqui numa bola de 'ping-pong', para cá e para lá, que não se percebe quem vai se responsabilizar com aquilo que se está a passar”, manifesta o dirigente que esta tarde já publicou na rede social facebook que o “Lar da Bela Vista impediu a reunião do SERAM com os enfermeiros que trabalham na instituição”.

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