Madeira

Lídia Ferreira diz que a parte não é o todo e que é preciso dar oportunidade a Mário Pereira

A presidente do Sindicato Independente dos Médicos diz que os 33 directores de serviço não falam por todos os médicos e que o importante, independentemente da origem, é o projecto

Foto DR
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“Os argumentos que eu tenho ouvido é de que o cargo não deve ser político. Eu penso que todos nós, se avaliarmos as diferentes situações chegamos sempre à conclusão que há sempre um certo grau de política nos diferentes cargos”, analisou Lídia Ferreira, presidente da direcção Sindicato Independente dos Médicos da Madeira. Assumindo que a posição é pessoal, a clínica defendeu que é necessário respeitar a escolha do povo que votou neste governo, que escolheu governar em coligação, e dar oportunidade a Mário Pereira para provar o seu valor. A médica não acredita que a origem do director clínico seja importante, desde que seja médico, tenha capacidade de liderança e um projecto. “Acho que o mais importante é o projecto, independentemente das ideologias políticas, independentemente das circunstâncias serem ou não as mais favoráveis.”

Num reacção pedida à anunciada demissão dos serviço de 33 directores de serviço e à decisão de Mário Pereira de tomar posse hoje como director clínico, Lídia Ferreira diz que o período é de grande mudança e que é normal haver receios e contrariedades, mas acredita que quer o novo director clínico, quer os directores de serviço “são profissionais de saúde e são pessoas de boa índole” e que porão sempre à frente o papel do médico e a saúde da Região. Recorda ainda que os médicos em causa não representam o universo dos médicos do SESARAM. “Os outros colegas não foram auscultados, a população médica são mais do que 33 pessoas e dentro desses serviços”, disse. “Eles não são a voz dos outros elementos. Portanto nós não sabemos na realidade”.

Lídia Ferreira elogiou a abertura de Mário Pereira para dialogar e diz que revela a consciência de que não é do agrado de todos os clínicos. “O Dr. Mário também precisa agora que lhe dêem hipótese de revelar, nem que seja para, se quiserem, dizer ‘Eu tinha razão’. Como é que se pode saber, se nós à partida também não dermos uma hipótese para ver realmente o que poderá fazer benéfico e que vá ao encontro daquilo que todos nós, independentemente das nossas opiniões... Há algo que eu oiço e vejo que todos nós somos muito coerentes, que é uma vontade de continuarmos a mudar, porque é preciso haver aqui mudanças para melhorar a saúde na Região, para melhorar as nossas condições de trabalho. Independentemente do lado da barreira onde as pessoas se encontrem neste momento, dizemos exactamente a mesma coisa. Temos de dar tempo e dar oportunidade às pessoas, a este novo governo, a esta nova liderança.”

Neste momento, entende, o mais urgente é o novo director clínico ter a capacidade de trabalhar nas novas circunstâncias para que depois possa resolver as restantes questões, nomeadamente do desinvestimento na saúde e nas carreiras, sobretudo na médica, a falta de profissionais e excesso de burocracia, e uma medicina centrada no Serviço de Urgência. Lídia Ferreira pede nas carreiras progressão sistemática, linear, que ocorra sem paragens e a aposta na passagem de testemunho não só de saber, como de cargo de dirigência, de formação dos médicos mais novos.