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CDS, 1 ano depois…

As eleições para a Assembleia da República e da Madeira decorreram há um ano. Passado este tempo, o CDS passou por muitas mudanças. O de cá e o de lá.

O de lá sofreu um “crash test” eleitoral. Liderado por Assunção Cristas, perdeu dois terços dos votos que teve da última vez que foi a votos sozinho, na altura com Paulo Portas. A sucessão do líder de muitos anos, acabou por ser bem mais difícil do que alguns supunham. Aliás, muitos acreditam (eu incluído), que Paulo Portas reúne o conhecimento, a frontalidade e o sentido de oportunidade raros em Portugal.

O novo líder, Francisco Rodrigues dos Santos, Chicão como é conhecido, é um jovem, conservador, de conduta moral reconhecida. É talvez o mais conservador de todos os líderes que o antecederam. Dinâmico, mobilizou a juventude do CDS como nunca feito, e essa juventude, com a ala mais à direita do partido, deu-lhe a liderança.

Creio eu, mas admito estar errado, ter vindo fora de tempo, pois estes não são tempos fáceis para o CDS. A direita está dividida como nunca. O PSD desde os tempos de Passos Coelho e o seu neoliberalismo, sentou-se mais à direita, e aí ficou. Alguns debandaram para a Iniciativa Liberal. Outros, talvez mais, para o Chega, partido esse que nada tem a ver com o liberalismo europeu, nem menos com a democracia cristã ou sequer com a doutrina social da Igreja.

O espaço da direita encolheu claramente com António Costa. E agora há o dobro dos players. Isto não deixa de ser curioso quando, o próprio António Costa, foi ainda mais longe do que Passos Coelho e Paulo Portas no rigor orçamental e na cativação das despesas. Proeza que há uns anos, em Goa, me afincaram como previsível em Costa: “fazer o aparentemente impossível, a simbiose entre um poder aparentemente forte mas longínquo, e outro, muito perto mas aparentemente fraco”…

Chicão não conseguiu unir o Partido e as suas três sensibilidades. Não ganhou notoriedade na população. Não conseguiu erguer a voz como Paulo Portas o fazia. Ainda. Mas reconheço que tal lhe é muito difícil neste momento. Mais ainda quando muitos percecionam que o CDS dificilmente será um instrumento de poder nos próximos tempos, com o efeito desagregador que tal tem nas instituições políticas.

Apoiei o Filipe Lobo d’Ávila à liderança por acreditar que a soma é melhor que a subtração. Por crer que Portugal precisa de uma política mais centrista do que conservadora. Por reconhecer que algumas fugas para a frente, por vezes menos ponderadas, acabam por custar caro.

O que resta ao CDS? 5 deputados, 5 Câmaras e menos de 5%? Mais, certamente. Acima de tudo quadros capazes, um percurso claramente europeísta, um historial na defesa do rigor das contas públicas e uma matriz única, que foi capaz de agregar liberais, conservadores e democratas cristãos de que, Lucas Pires, Adriano Moreira e Freitas do Amaral foram referências.

E sobre o CDS de cá, escreverei no próximo artigo.

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