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UE pede contenção a todos pois “região não se pode permitir uma nova guerra”

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Os chefes de diplomacia da União Europeia pediram hoje a “máxima contenção” a todas as partes envolvidas no conflito em curso no Iraque e Irão, enfatizado que “a região não se pode permitir uma nova guerra”.

No final de um Conselho extraordinário de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE convocado para discutir a crise actual no Médio Oriente, e na qual Portugal esteve representado pelo ministro Augusto Santos Silva, o Alto Representante para a Política Externa, Josep Borrell, anunciou ter recebido dos 28 um “forte mandato para desenvolver esforços diplomáticos com todas as partes, incluindo o Irão, para contribuir para uma inversão da escalada” de tensão.

“A prioridade é a inversão da escalada. A região não se pode permitir uma nova guerra. A região não se pode permitir uma nova guerra - enfatizou -, e apelamos a um apaziguamento urgente e máxima contenção de todas as partes. Esta crise ameaça prejudicar anos de esforços para estabilizar o Iraque, sobretudo ao nível do trabalho da coligação global contra o [grupo ‘jihadista’] Estado Islâmico”, afirmou o chefe da diplomacia europeia.

Borrell garantiu que a UE também fará tudo o que estiver ao seu alcance para preservar o acordo nuclear com o Irão, pedindo a Teerão que volte a respeitar os compromissos assumidos no quadro desse acordo, e, por várias vezes ao longo da conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho, lamentou a decisão dos Estados Unidos de saírem do acordo.

“Sem este acordo, o Irão seria hoje uma potência nuclear, algo que não é”, sublinhou.

Relativamente ao Iraque, que tem sido o palco do conflito entre Irão e Estados Unidos, garantiu que a UE “vai continuar a prestar ajuda de todas as formas” às autoridades iraquianas, seja em termos de treino militar, seja de apoio económico, seja como facilitadora do diálogo com vista a uma “solução pacífica regional”, pois é fundamental “evitar que a espiral de violência crie uma situação perigosa para todos que mine anos de esforços para estabilizar o país”.

Borrell convocou a reunião de hoje na passada segunda-feira, numa altura em que a situação estava particularmente tensa e se temia uma confrontação militar entre Estados Unidos e Irão, cenário que parece para já descartado, depois de o Presidente norte-americano, Donald Trump, ter declarado, na quarta-feira, que os Estados Unidos estão prontos a “abraçar a paz com todos que a buscam” e a apostar na renegociação do acordo nuclear de 2015.

Novas e “poderosas” sanções contra Teerão foram a resposta anunciada pela Casa Branca aos mísseis iranianos lançados horas antes contra duas bases iraquianas com tropas norte-americanas lá estacionadas, em Ain al-Assad (oeste) e Erbil (norte), que fizeram temer uma escalada da confrontação.

O ataque foi reivindicado pelos Guardas da Revolução iranianos como uma “operação de vingança”, em retaliação pela morte do general Qassem Soleimani, comandante da força Al-Quds, há uma semana, num ataque aéreo em Bagdad ordenado por Trump que fez temer um novo conflito militar no Médio Oriente.