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Banco Central do Brasil reduz taxa de juros a mínimo histórico para impulsionar economia

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O Banco Central brasileiro reduziu na quarta-feira a taxa básica de juros em 0,5 pontos percentuais, para 5,50% ao ano, o seu menor nível histórico, na tentativa de impulsionar a economia que cresce em ritmo lento.

A redução da chamada taxa Selic, referência nacional para o preço da moeda, foi anunciada pelo Comité de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, após dois dias de discussões, e já era prevista pelo mercado financeiro.

A nova taxa é a mais baixa desde que a Selic foi criada como referência em 1986 e caiu para menos da metade dos 14,25% em que chegou a atingir em meados de 2016, quando a economia brasileira estava em plena recessão.

Trata-se da segunda redução consecutiva desta taxa no Brasil desde que o Presidente do país, Jair Bolsonaro, assumiu o poder, em janeiro, quando anunciou uma política económica assumidamente liberal.

O Banco Central brasileiro já tinha anunciado no final de julho uma redução na taxa básica também de meio ponto percentual, de 6,5 para 6% ao ano, o que já a havia deixado no seu menor nível em 33 anos.

A Selic chegou a permanecer inalterada em 6,5% ao ano por 16 meses consecutivos, devido ao receio do Banco Central de que uma redução no preço da moeda pudesse impactar a inflação.

Porém, com o aumento dos preços sob controlo, já que se prevê que inflação deste ano fique próxima de 4%, a principal preocupação da autoridade monetária passou a ser o baixo crescimento da economia brasileira.

Embora a economia brasileira tenha crescido 0,4% no segundo trimestre do ano e evitado uma recessão técnica, o resultado ainda mostra a lenta recuperação do país sul-americano após a recessão histórica que sofreu em 2015 e 2016, quando o PIB [Produto Interno Bruto] retraiu cerca de sete pontos percentuais.

O PIB brasileiro cresceu 1,1% em 2017 e o mesmo percentual em 2018, enquanto que para este ano os especialistas do mercado financeiro esperam um avanço de cerca de 0,85%, ou seja, uma desaceleração em relação aos dois últimos anos.

Os analistas preveem que, com o Banco Central preocupado com esse lento crescimento da economia, a tendência é que o Copom continue a reduzir as taxas e que a Selic atinja 5% ao ano no final de 2019.

No comunicado em que anunciou a nova redução de taxa, o Banco Central afirmou que a inflação está num nível cómodo e que o contexto da desaceleração da economia global, adicionado ao declínio do interesse nas principais economias, gerou um ambiente relativamente favorável para economias emergentes, como a do Brasil.

O organismo destacou a continuidade das reformas económicas promovidas pelo Governo de Bolsonaro, incluindo a reforma do sistema de pensões, já aprovada pela Câmara dos Deputados e que será votada na próxima semana pelo Senado.

“O processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira avançou, mas é essencial continuar nesse processo para que a taxa de juros estrutural caia e para que a economia se recupere de forma sustentável”, concluiu o Banco Central.