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Parlamento Europeu pede à Comissão que evite desacordos sobre distribuição de migrantes

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O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, pediu ontem ao líder da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, uma “distribuição justa de migrantes” na União Europeia (UE) devido aos “desacordos” verificados entre os Estados-membros baseados em decisões com “fins políticos”.

Numa carta hoje enviada a Jean-Claude Juncker, e divulgada à imprensa, David Sassoli nota que “sempre que uma embarcação [com migrantes] chega às águas europeias, repte-se a mesma cena e assiste-se à mesma retórica”.

“O destino dos infelizes resgatados no mar está a ser explorado para fins políticos pelos governos [da UE] e é objeto de desacordos entre eles”, acrescenta o responsável pela assembleia europeia.

Por isso, Sassoli pede a Juncker que o executivo comunitário “coordene rapidamente a ajuda humanitária” para estes casos, organizando ainda uma “distribuição justa dos migrantes” pelos Estados-membros.

“Numa altura em que o interesse próprio parece ser a norma, devemos cumprir o nosso dever ao máximo e estou convencido de que a vossa consciência do que está em jogo e o empenho do comissário europeu [para a área das Migrações] Dimitris Avramopoulos em ajudar os refugiados assegurarão a tarefa de lidar com esta situação de emergência”, aponta o presidente do Parlamento Europeu.

A carta enviada por David Sassoli vem na sequência do pedido feito pela organização não-governamental espanhola Open Arms, que tem há cerca de uma semana uma embarcação no Mediterrâneo central, com 121 migrantes a bordo, à espera de um porto seguro para atracar.

Hoje, a Open Arms pediu ajuda formal a Espanha, França e Alemanha, para que os três países solicitem à Comissão Europeia uma solução para a sua situação.

O navio está ao largo da ilha italiana de Lampedusa e foi impedido de atracar nos portos de Itália e Malta.

Falando sobre esta situação, David Sassoli lamenta que, até agora, “não haja indicação [de Bruxelas] de que será dada assistência” a estes migrantes.

“Se a UE se mantiver indiferente ao seu destino, estará a acumular sofrimento atrás de sofrimento, e tenho a certeza que não é isso que os guardiões dos tratados europeus consideram correto”, realça.

David Sassoli adianta estar “ciente de que qualquer resposta a este pedido de assistência humanitária deve ser voluntária”.

Porém, vinca que esta é uma “situação séria que exige uma ação imediata”.

“Como já aconteceu tantas outras vezes, o Parlamento Europeu irá apoiá-lo [a Juncker] nos seus esforços”, conclui na missiva.