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Centenas marcham contra violência e Governo no norte de Hong Kong

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Centenas de manifestantes, na maioria vestidos de preto, percorrem hoje uma das principais estradas de Yeun Long, no noroeste de Hong Kong, onde no domingo passado várias pessoas foram atacadas por tríades, noticiou a imprensa local.

No domingo passado, homens encapuzados, vestidos de branco e munidos de bastões, investiram indiferentemente contra a multidão, a maioria das quais manifestantes que tinham participado num protesto na cidade e se encontravam numa estação ferroviária em Yuen Long, perto da fronteira chinesa, deixando pelo menos 45 feridos.

De acordo com o jornal South China Morning Post, o protesto desta tarde é uma resposta ao ataque de domingo passado, mas os manifestantes continuam a exigir a retirada total de uma proposta, já suspensa, de alteração à lei da extradição.

Apresentadas em fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

O diário indicou que os serviços de metro ligeiro e as carreiras de autocarros foram suspensas ou alteradas, devido à manifestação em Yuen Long. Mais de um quarto das lojas na zona estão fechadas, o que levou um lojista a comparar a situação à passagem de um tufão.

As ameaças de retaliação contra os residentes da zona e a garantia dos líderes locais de que os residentes serão capazes de se defender, se provocados, levou a polícia a recusar autorizar a realização da marcha, e a destacar mais de três mil agentes para manter a segurança. Fontes policiais, não identificadas pelo jornal, disseram esperar 100 mil manifestantes.

A polícia de Hong Kong afirmou já que alegados membros de organizações criminosas chinesas (tríades) foram detidos em relação com o ataque de domingo passado.

Em declarações ao SCMP, vários manifestantes disseram não terem medo “dos atacantes de branco”, enquanto outros afirmaram participar nos protestos para “defender liberdades e direitos, que não podem ser esquecidos” por causa de medos em relação às tríades.

Apesar de os protestos em Hong Kong terem sido maioritariamente pacíficos, manifestantes e polícia confrontaram-se já nas ruas da região administrativa especial chinesa.

Duas das manifestações, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos, com a polícia a recorrer a balas de borracha, gás pimenta e gás lacrimogénio. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram e vandalizaram o Conselho Legislativo (LegCo, parlamento local) de Hong Kong.

A contestação nas ruas, iniciada contra as emendas à lei da extradição, generalizou-se e denuncia agora o que os manifestantes afirmam ser uma “erosão das liberdades” no território.

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, admitiu que a lei estava “morta”, sem conseguir convencer os líderes dos protestos.

Pequenas acções e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 01 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respectivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.