Os que tudo criticam... e nada fazem
Existem por aí muitos arautos da moralidade e das verdades absolutas que se alimentam do apontar o dedo
Existe uma estirpe de pessoas bem enraizada na sociedade portuguesa que só sabem criticar. A vida deles circula à volta disso e a sua própria satisfação pessoal é o erro dos outros. Nada do que alguém faça está bem ou está certo, só eles é que sabem e tudo é motivo para recriminação. É muito usado para camuflar sucessivas desilusões pessoais e para cobrir invejas e sentimentos de injustiça. Há quem passe a vida no sofá a dizer “assim também eu” e que nada faz pelas oportunidades. Não mexem nem uma palha para que algo lhes calhe “em sorte” mas caem em cima de quem a procura e encontra. Eu noto isso quando escrevo as minhas crónicas e me fazem comentários escondidos atrás de perfis criados meticulosamente sob o medo da desvenda de identidade. Refugiados cobardemente nas entranhas da internet onde encontram consolo para as suas frustrações.
Encontramos invejosos um pouco por toda a parte e críticos de tudo e de nada também. Em áreas bem díspares eles estão infiltrados e bem disseminados. É sempre muito mais fácil criticar que fazer. Encostar na cama do que levantar para produzir. Sujeitar-se ao erro do que simplesmente não ter nada para apresentar.Na política por exemplo vejo muito isso. Quem está na oposição apresenta coisas que depois não concretiza quando é poder e vice-versa. Mudam-se os poleiros mudam-se as vontades.Existem excepções claro. Ainda há duas semanas tive oportunidade de fazer parte de uma conferência do CDS aqui no Funchal onde se debateram ideias e projectos concretos para o futuro o que é de salutar. Se há profissão que eu por exemplo nunca seguiria hoje em dia é o de político. Muito por culpa deles próprios tornou-se quase impossível por lá andar e sair ileso. Mas como em tudo existem os bons e os maus, não existem só maus como às vezes se quer fazer crer. É uma profissão de desgaste absolutamente aterrador, rápido e altamente lesivo da imagem para além de que com o caso Sócrates se abriu uma espécie de caixa de pandora caindo supostamente (veremos se terá consequências ou se cairá em saco roto) essa ideia de impunidade de que muitos gozavam alicerçada em compadrios e esquemas.
Tudo é escrutinado e todas as ações alvo de investigações e inquéritos aprofundados. É extremamente difícil fazer política e acima de tudo assumir-se cargos de poder sem que não rebentem diariamente “bombas” de difícil resolução em que se é “preso por ter cão e por não ter”. Acho que o sistema judicial avançou ao ponto de nos tempos que correm a vida de quem nos governa ser de tal forma esmiuçada que finalmente parece não compensar correr o risco de tomar atitudes que possam ser passíveis de punição ou de julgamento público pois as penas começam a ser cumpridas e o factor lesivo passa para família e amigos o que torna a coisa bem mais incomoda e humilhante. Ser membro de um Governo ou Câmara é meter-se a jeito, saber que vai levar “pancada” e vai ser acusado de mil e uma coisas. E será talvez importante refletirmos sobre isso sob pena de perdermos os melhores por não estarem para isso.
Mas voltando ao tema inicial existem por aí muitos arautos da moralidade e das verdades absolutas que se alimentam do apontar o dedo. Nunca fizeram nada, não levam até ao fim qualquer projecto , são inconsequentes e obtusos mas têm sempre razão. Já era tempo de mudarmos o discurso. De sermos mais positivos e assertivos. E só podemos ser assertivos e só nos pode alguém levar a sério se entre uma critica também soubermos reconhecer as virtudes e o bom trabalho dos outros. Nem que seja só de vez em quando assim para disfarçar mas ficava tão bem... Agora passar a vida na bilhardice e no diz que disse sem encontrar soluções, sem apresentar resultados sem indicar um caminho concreto com ideias sustentadas isso é coisa do passado que rapidamente cai em descrédito. Essa profissão tão extenuante e complicada chamada “Crítico” devia ser acompanhada com um Bacharelato em Obras Feitas ou com um Balancete entre o que já se fez e o que se critica os outros por fazerem mal ou por não fazerem. Talvez alguns nessa altura pensassem duas vezes em vez de dizerem certas alarvidades, conjunto de frases feitas ou ideias copiadas da internet...