DIÁRIO lança especial sobre a Madeira profunda
22 reportagens dão corpo ‘Ao encontro das nossas ruralidades’
Hoje lançamos um especial sobre as nossas ruralidades. Trata-se de uma compilação de 22 reportagens feitas em 2018 com a assinatura de Rúben Santos e Estefânia Câncio. Um exclusivo para assinantes que pode descobrir nesta plataforma digital, na zona reservada à edição impressa.
As ‘Ruralidades’ assumem em 48 páginas “um abraço amigo às pessoas e aos sítios”, numa ilha onde a fraca natalidade aliada ao envelhecimento e à determinação dos mais novos em ‘fugir’ do mundo rural fez com que muitas moradias, palheiros e terrenos fossem deixados para trás, e a enxada deixada de lado.
Encontrámos num povo que está esquecido e merece ser reencontrado, recordado e, fundamentalmente, valorizado. “Estas gentes respiram um ar que a ser engarrafado os faria ricos. Vivem longe da azáfama constante das cidades, onde a brisa abana o arvoredo circundante criando uma sinfonia ímpar pautada por uma orquestra composta pelo chilrear dos pássaros. E fomos nós, de certa forma, que durante algumas horas quebrámos a monotonia a que estas pessoas estão votadas no seu dia-a-dia. Vivem felizes sem telemóvel, computador ou Internet e apenas ligam a televisão à noite para ver o telejornal, adormecendo muitas vezes no sofá com a telenovela do horário nobre a rodar no pequeno ecrã. Deixam a telefonia bem alta quando não estão em casa, com medo dos ladrões, e não dispensam uma ida à tasca lá do sítio para colocar a conversa em dia. A foice às costas, o gorro ou o barrete de orelhas e as botas de água são os elementos que compõem o traje comum entre homens e mulheres, exceptuando aos domingos, quando a ida à igreja é imperativa e o sapato da missa sai do armário”, retratam os autores.
Como serpenteámos quilómetros de montanhas, subimos e descemos milhares de degraus, percorremos dezenas de becos e veredas, pisámos fazendas alheias, entrámos em casas de desconhecidos, descobrimos locais que nos fizeram regressar, trocámos cumplicidade com estranhos e aprendemos e recordámos expressões do ‘arco-da-velha’, aqui fica o roteiro dos lugares perdidos com alguma gente dentro:
. Fajã das Galinhas (Câmara de Lobos) – ‘Longa estrada sem saída’
. Ribeira Funda (São Jorge - Santana) – ‘Sossego a 520 metros de altitude’
. Achadas da Cruz (Porto Moniz) – ‘Achada a Norte’
. Ribeira Funda (Seixal – Porto Moniz) – ‘Realidade escarpada’
. Achada do Pereira (São Vicente) – ‘Os últimos resistentes’
. Furna (Ribeira Brava) – ‘Furna que abriga a solidão’
. Lombo Grande (São Roque do Faial - Santana) – ‘Verde Sossego’
. Fajã (Câmara de Lobos) – ‘Felizes numa furna’
. Ribeira-tem-não-caias (Machico) – ‘Em risco de cair no vazio’
. Cabo (Ponta do Pargo) – ‘Ao ‘cabo’ de umas horas rendemo-nos ao sítio’
. Achada do Marques (Santana) – ‘Achado imperdível’
. Espigão (Ribeira Brava) – ‘Aqui nasce o sangue da agricultura’
. Achada Madeira (São Vicente) – ‘Verde Sossego II’
. Rocha de Baixo (Santana) – ‘Polémicas à parte, vale a pena descer’
. Raposeira do Lugarinho (Arco da Calheta) – ‘Um ‘Lugarinho’ especial’
. Fajã do Mar (Arco da Calheta) – ‘Viver sozinha à beira-mar’
. Sítio dos Salgados (Camacha – Santa Cruz) – ‘Uma ‘pitada’ de memórias’
. Sítio da Estrela (Funchal) – ‘A estrela do Funchal’
. Estreito de Santa Cruz/Alto da Morena (Santa Cruz) – ‘Retrato de uma Madeira perdida’
. Contreiras (Seixal – Porto Moniz) – ‘Onde nunca ninguém viveu’
. Pico Ferreiro (Ribeira Brava) – ‘Lá no alto da montanha’
. Sítio do Jangão (Ponta do Sol) – ‘Um dia no Jangão’