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Apelos para excluir Viktor Orban acumulam-se no seio da direita europeia

Foto Reuters
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Pelo menos sete forças políticas do Partido Popular Europeu, além do português CDS-PP, pediram a suspensão ou expulsão do Fidesz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, daquela família política, segundo fontes citadas hoje pelas agências internacionais.

Os apelos para discutir a permanência do Fidesz, um partido nacional-conservador populista de direita que governa a Hungria desde 2010, surgem a quase três meses das eleições europeias de maio e antevê-se que sejam discutidos no próximo encontro do grupo político (a maior formação no Parlamento Europeu), agendado para 20 de março.

O CDS-PP pediu na quinta-feira, numa carta enviada à presidência do PPE, que aquela família política discuta a permanência do Fidesz, por desrespeitar os valores democráticos e do próprio grupo político europeu, no qual também está integrado o PSD.

“As ações e declarações deste partido húngaro, contra o próprio PPE, e as atitudes do seu governo colocam em causa o próprio sentido de unidade e pertença a um projeto europeu democrata-cristão, baseado nos direitos humanos, na democracia pluralista e liberal e no Estado de Direito”, lê-se numa carta assinada pela líder do CDS-PP, Assunção Cristas, e pelo eurodeputado Nuno Melo, a que a Lusa teve acesso.

O objetivo último, apesar de o artigo dos estatutos do PPE invocado na carta versar a suspensão ou expulsão de um partido, não é a expulsão “de imediato” do Fidesz, mas sim tentar perceber se regressa “ao bom caminho”, disse, em declarações à Lusa, o eurodeputado e de novo cabeça de lista do CDS-PP às europeias de maio.

Fontes do PPE citadas hoje pela agência noticiosa espanhola EFE avançaram que pelo menos outros sete membros da família europeia de centro-direita de cinco países da União Europeia (UE) reclamam igualmente a suspensão ou a expulsão do Fidesz.

Dois partidos da Suécia, outros dois da Bélgica e três membros da Finlândia, Luxemburgo e da Holanda reclamaram por carta, como está previsto nos estatutos, o início do processo da expulsão ou suspensão do Fidesz.

As normas obrigam agora que o assunto seja debatido e, caso seja decidido, existirá uma votação sobre a permanência do Fidesz naquela família política.

As relações entre o Fidesz, que tem assumido posições políticas qualificadas como extremistas, nacionalistas, eurocéticas e anti-imigração, e os restantes dos membros do PPE (que agrupa partidos de direita e de centro-direita europeus) têm vindo a deteriorar-se nos últimos anos.

“Todas as opções estão em cima da mesa. Estamos atualmente em vias de falar sobre isso no seio do PPE”, disse Manfred Weber, candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, numa entrevista à publicação alemã Der Spiegel que será publicada na íntegra no sábado.

“Com as suas declarações e a sua campanha, Viktor Orban prejudicou consideravelmente o PPE. É por essa razão que espero que ele peça desculpas e pare com essa ação”, referiu Weber, membro da União Social Cristã (CSU), o aliado bávaro da União Democrata-Cristã (CDU), de Angela Merkel.

Manfred Weber votou, em setembro passado, no Parlamento Europeu a favor da instauração de um procedimento disciplinar à Hungria por violação grave dos valores europeus por parte do governo de Viktor Órban, nomeadamente em matérias como a das migrações e o Estado de direito.

Na altura, os portugueses CDS-PP e PSD também votaram favoravelmente.

“Em breve, tomaremos ações concretas”, disse Weber à der Spiegel.

Para desencadear um procedimento de expulsão de um partido do PPE, é necessário que sete formações políticas de pelo menos cinco países o solicitem formalmente.

O prazo para inscrever esta questão na agenda da assembleia política do PPE (composta pela presidência, pela direção do grupo parlamentar e por um representante de cada partido membro) terminou ontem.