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Democracia é respeitar os adversários, as minorias, é diálogo, é sentar à volta de uma mesa e conversar. Democracia não é o quero, mando e posso

Logo a seguir à Revolução dos Cravos em 1974 começaram a surgir os diferentes partidos, uns saídos da clandestinidade como o PCP, o PS, O MRPP, já com as suas ideologias definidas e outros surgiram praticamente do nada e de personalidades já mais ou menos conhecidas ou não que foram escolhendo as ideologias vagas ou com algum oportunismo, nomeadamente o PPD (Partido Popular Democrático) que alguns anos depois se transformou em PSD/PPD (Partido Social Democrata/Partido Popular Democrático) e finalmente só PSD. Com estas trocas e baldrocas pretendia a sua filiação na Internacional Socialista que tinha no seu seio as ideologias de Socialismo em Liberdade, caso do PS, e a Social Democracia, que salvo raras exceções só permitia um partido por cada país, sem o ter conseguido. A sua “praxis” levou-o a afastar-se rapidamente daquela ideologia. O CDS (Centro Democrata Cristão) de Freitas do Amaral que nunca se assumiu como partido de direita, mas como o nome indica, do Centro. Surgiram outros partidos como a FEC ML, de ideologia maoista, tendo como exemplos a China e a Albania que mais tarde se transformou em UDP (União Democrática Popular) e ainda mais tarde juntou-se a outros pequenos partidos e formou o atual Bloco de Esquerda. Apareceram outros partidos que tiveram pouca duração, como o MDP (cópia do PCP), que mais tarde se transformou em Verdes que nunca, praticamente, concorreu sozinho, mas sempre em coligação com o original (PCP) e outros desde a extrema esquerda até à extrema direita. Até o General Eanes formou um partido como tentativa de dar cabo do PS, o PRD, mas não conseguiu o seu objetivo e teve pouca duração, até que se chegou à atual situação em que cada dissidente de um qualquer partido formava um qualquer partido, como o JPP, o PAN, o Chega, o Iniciativa Liberal, o Livre, o RIR, o PTP, O PND, o Nós Cidadãos, etc... sem qualquer ideologia, mais virados para o populismo e interessados, apenas em conseguir um lugarzinho num qualquer parlamento (veja-se a festa que o IL, o Livre e o Chega fizeram quando conseguiram um lugarzinho na Assembleia da República !!!).

Vem isto tudo a propósito do que se está a passar atualmente em que só o PCP se mantém fiel ao seu Estalinismo defendendo a Coreia do Norte e o Regime de Maduro na Venezuela e até o Bloco de Esquerda que já dizem defender a Social Democracia, depois do PS ter metido o Socialismo na gaveta, o PSD deixou de ser um partido Social Democrata, passando a ter uns tiques de extrema esquerda, tipo Maduro, mas na sua maioria as suas atitudes são de extrema direita, conforme o que lhe convém, veja-se Alberto João Jardim que convidou Hugo Chaves a falar na Assembleia Regional depois de ter aconselhado os emigrantes madeirenses a votarem nele, veja-se o Miguel Albuquerque, que segue as pisadas do seu antecessor, roubando poderes ao Poder Autárquico, “confiscando” ruas, avenidas e praças para impor a sua opinião, que altera a legislação conforme as suas conveniências, nomeadamente para efeitos de compadrio, como recentemente aconteceu com o IA Saúde (o que é que Maduro faz na Venezuela? É isso mesmo, transforma a sua ditadura em legalidade alterando a legislação). Miguel enquanto presidente do Município do Funchal teve atitudes contra o poder de então e agora que tem o poder de decisão, nega-o às Câmaras Municipais da Madeira, nomeadamente nas distribuições de algumas verbas, que deveria seguir o todo nacional e recusa-se a dar A Cesar O que é de César...., entregando ao poder municipal estrada esburacadas e com arranjos demasiado caros para as suas possibilidades, sem qualquer diálogo, afirmando que as suas decisões só não serão realidade se passarem por cima do seu cadáver. Democracia é respeitar os adversários, as minorias, é diálogo, é sentar à volta de uma mesa e conversar. Democracia não é o quero, mando e posso. A Assembleia Regional, órgão máximo da nossa Autonomia, não é respeitada, servindo apenas para legalizar os tais tiques “Amadurecidos” do poder. Rasgam-se propostas nos plenários, abrem-se bocas de tal maneira que se transformam em “bocarras”, ofendem-se os adversários políticos, mente-se, fazem falsas acusações, enfim uma verdadeira vergonha para a nossa Autonomia, que se transformou numa transferência de poderes e de dinheiros públicos do Terreiro do Paço para a Quinta Vigia e para os seus compadres...

O CDS, partido em vias de extinção, deixou-se engolir pelo PSD, aceitando tudo aquilo que anteriormente recusava como partido da oposição e entrou no jogo do compadrio dos últimos quarenta anos, fazendo lembrar Orwell em que tudo era apagado, evitando assim entrar em contradição. A sua atuação como partido com mais de quarenta anos de oposição, mereceu-lhe alguma consideração do eleitorado, sendo mesmo durante dois mandatos o 2º maior partido, mas logo que anunciou que faria coligação com o PSD, o eleitorado castigou-o retirando-lhe quatro dos sete deputados que tinha, mas na noite da eleições comemorava, não o resultado, mas a euforia dos tachos que se avizinhavam!!!! Deixou de ser um partido do Centro e passou a ser a “bengalinha” do poder e como acontece nestes casos de sabujice, acabando por ser mais “ papistas que o próprio Papa...” já repetem as mesmas frases, aprovam tudo o que o PSD quer, põem-se a jeito naquela posição em que “os alemães perderam a guerra...”, estando condenado à extinção, porque alinhar com a ditadura que condenaram durante todos estes anos terá forçosamente os seus custos....

Para terminar, peço a todos, mas a todos mesmo, os senhores deputados que estudem a história da nossa Autonomia, a história dos seus partidos, a sua ideologia, se tiverem, a história da sua Assembleia para que não entrem, tanto em contradição, aprendam a “praxis” democrática e nunca se esqueçam que todos os deputados naquele Parlamento, estão a defender a nossa Região, embora com prioridades diferentes. Respeitem-se, por favor, não envergonhem mais os madeirenses...