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Presidente da Bolívia diz que é bem-vinda auditoria internacional à sua reeleição

Foto Reuters
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O Presidente boliviano Evo Morales disse no sábado que é bem-vinda uma auditoria internacional ao escrutínio da sua reeleição e admitiu convocar uma segunda volta se for detetada qualquer fraude na contagem dos votos.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), a União Europeia e alguns países vizinhos dizem que o resultado foi tão disputado que seria melhor realizar uma segunda volta.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, disse que a ONU apoia uma auditoria a realizar pela OEA aos resultados das eleições da Bolívia.

“Que venham! Vamos fazer uma auditoria. Voto por voto, urna por urna, cidade por cidade, província por província! Vou acompanhá-los e, se houver fraude, no dia seguinte convocarei uma segunda volta”, afirmou Morales, reagindo à pressão doméstica e internacional.

A declaração de Morales surge depois de, no mesmo dia, o próprio ter descartado “qualquer negociação política” com a oposição, que contesta os resultados das eleições presidenciais de 20 de outubro, e excluído qualquer possibilidade de uma segunda volta, apesar das tensões no país.

“Aqui não há negociação política, aqui respeitamos a Constituição e respeitamos o partido que venceu as últimas eleições”, disse Evo Morales, de 60 anos, no poder desde 2006, enquanto a contestação continua em várias partes do país.

A reeleição de Morales na primeira volta é oficial desde a proclamação dos resultados finais de sexta-feira, imediatamente contestadas pelo principal adversário, Carlos Mesa.

Mesa rejeitou a contagem final e denunciou o que considera ser uma “fraude eleitoral” que está a “violar a vontade do povo”, continuando a exigir uma segunda volta, um pedido apoiado pela União Europeia, Estados Unidos, OEA, Colômbia e Argentina.

O adversário de Morales prometeu ainda que as manifestações, que começaram na noite das eleições, se intensificarão a partir de segunda-feira.

Milhares de pessoas continuaram no sábado a invadir as ruas das principais cidades do país, cortando o tráfego e agitando bandeiras nacionais.

Em La Paz e Santa Cruz, capital económica do país e reduto da oposição que se tornou o centro nervoso de todos os protestos, os bolivianos invadiram supermercados para garantirem provisões, num momento em que aqueles espaços comerciais estão sujeitos a horário parcial de funcionamento após a greve iniciada na quarta-feira.